Por Rodolfo Vieira
O futuro é agora, no que depender de Kim Jones. Nome por trás do masculino da Dior desde março, o diretor criativo acaba de receber o prêmio de Trailblazer no Fashion Awards e tem esquentado a temperatura da moda com as suas coleções e parcerias – caso da recente collab com o artista japonês Hajime Sorayama, que vimos no cenário e no desfile de Pre-Fall 2019 da Dior Homme, no último 30.11, em Tóquio.
Inspirado no fascínio de Christian Dior pelo Japão e seu próprio interesse pela realidade hipermoderna da cultura japonesa, Jones convidou Sorayama para conceber uma estátua feita em alumínio, com 12 metros de altura, colocada no centro da sala de desfile, elemento que por si só já repercutiu imediatamente o nome do artista. Se sua dimensões já eram impressionantes, a imagem ficava ainda mais incrível com o show de luzes que acompanhou a apresentação.
Mas a colaboração não ficou “apenas” aí. Sorayama também desenhou o logo da Dior usando as suas próprias fontes, aplicado em materiais metálicos ao longo da coleção. Seu trabalho também aparece nas joias, bonés e até na Saddle bag, em uma versão de metal polido.
Natural de Imabari, cidade ao sul do Japão, o artista tinha como hobby em sua adolescência esboçar desenhos de modelos da Playboy. Após graduar-se em uma escola de arte no país, foi contratado por uma agência de publicidade para projetar o design de um robô baseado no C-3PO, o androide de Star Wars, sem violar a lei de direitos autorais. Sorayama descobriu uma nova fórmula de desenho: o Sexy Robot, título de sua 1ª publicação, de 1983, que viria a ser sua marca registrada.
O objetivo de seus robôs e pin-ups desenhados era, a princípio, ilustrar imagens eróticas femininas do Ocidente, como Marilyn Monroe por exemplo, através de um viés “frio e metálico”, estabelecendo uma conexão com a questão tecnológica oriental em tempos em que a inteligência artificial começava a efervescer no país.
Autor de diversas publicações, Hajime Sorayama é também o nome por trás do primeiro protótipo com inteligência artificial, o cão robô Aibo, da Sony, de 1999 (que pode ser visto atualmente no MoMA, em Nova York).
Ele também já colaborou com outros designers, como o coreano Junn.J para o Inverno 2016 na Pitti Uomo, e com Thierry Mugler, esta uma parceria inesquecível: é dele o body/armadura usado por uma modelo no desfile de Inverno 1995 do estilista francês.
Desde seu primeiro livro, Sexy Robot, sexo sempre foi uma tema recorrente no trabalho de Hajime – ao ponto de até revistas como Penthouse e Playboy publicaram suas pin-ups andróides em suas páginas. Mesmo quando os robôs passaram da nudez para as roupas, essas eram feitas em couro e látex, adicionando aí elementos fetichistas ao seu trabalho.
Em 2013, George Lucas o procurou para pedir uma contribuição ao Star Wars Concept, um super livro que homenageia toda a história da franquia.
Com um arquivo extenso em 40 anos de realizações, Sorayama é idolatrado no Japão, mas também reconhecido no mundo por seu trabalho hi-tech e de vanguarda. Suas criações vão muito além de ilustrações e robôs; elas também estão em games e cards, que jovens trocam e colecionam.
Ao ver o robô no desfile da Dior, poucos sabiam que o artista responsável estava por trás de feitos tão fantásticos. Conheça mais de seus trabalhos na galeria abaixo.