“Mustard Meadow”, 2012 ©Ryan McGinley/Reprodução
Desenvolver a própria identidade não é um feito simples. Ao longo da vida, somos bombardeados por distintas referências culturais que, algumas vezes, são verdadeiramente contraditórias. Apesar da gama de “estéticas” pelas quais podemos nos encantar, em geral optamos por uma única e, seja como for, ela diz algo sobre quem somos.
Se a fantasmagórica obra de Deborah Turbeville remete à melancolia e a de Tim Walker traz à vida todos os contos de fadas que enriqueceram a Disney, as fotografias de Ryan McGinley exalam liberdade e a mais ingênua sensualidade. O americano de Ramsey, Nova Jérsei, tem apenas 35 anos, mas já é referência para uma série de jovens prodígios que despontam graças à internet, como Olivia Bee e Dara Scully.
Fotografia produzida para a revista da Hermès de Outono/Inverno 2012 ©Olivia Bee/Reprodução
Capa da revista da Hermès de Outono/Inverno 2012 ©Olivia Bee/Reprodução
Certamente, McGinley tem suas próprias influências, como o multiartista britânico Mark Borthwick, o ícone Richard Avedon e o road movie “Sem Destino” (1969), mas a proposta de seu trabalho é mesmo retratar cenas de libertação, por isso a frequência de nus e registros da interação humana com a natureza e com animais. Olivia Bee, pseudônimo de Olivia Bolles, acabou de sair da adolescência (completou 18 anos em abril deste ano) e já segue, com sucesso, o rastro de McGinley. Ela, que é natural de Portland, foi contratada pela Hermès para fotografar capa e editorial da revista de Outono/Inverno 2012 da marca, além de ter colaborado com a Fiat, Converse, Nike, Levi’s e com o jornal “The New York Times”.
“Lovers” ©Olivia Bee/Reprodução
Do cotidiano de Portland, estado tão explorado nos filmes de Gus van Sant, ao aflorar da sexualidade, as imagens produzidas por Olivia carregam os hormônios e a poesia da juventude, sempre esperançosa do que está por vir. Já a espanhola Dara Scully, de 23 anos, bebe na mesma fonte de McGinley, mas possui um portfólio tão atmosférico que lembra Turbeville. É como se mesclasse o melhor dos dois fotógrafos: nudez, movimento, interação com o mundo ao redor e detalhes macabros, com sangue e alusão à morte.
“Escaping from the wolves” , 2011 ©Dara Scully/Reprodução
“Exposed to the ghosts”, 2011-2012 ©Dara Scully/Reprodução
“Fotografia, para mim, é uma ponte entre o meu mundo e o mundo”, respondeu Dara quando questionada pelo FFW via e-mail. Os pássaros, as árvores, o silêncio e a fragilidade, além da obra bicolor de Ingar Krauss, estão presentes em cada registro da espanhola. É como se, metaforicamente, Olivia e Dara transportassem a filmografia de Sofia Coppola para imagens, mas a primeira o faz com a vibração de “Maria Antonieta”, enquanto a segunda remete à bonita estranheza de “As Virgens Suicidas”.
+ Veja abaixo mais fotografias de Olivia Bee e Dara Scully:
Fotografia produzida para a revista da Hermès de Outono/Inverno 2012 ©Olivia Bee/Reprodução
Fotografia produzida para a revista da Hermès de Outono/Inverno 2012 ©Olivia Bee/Reprodução
“Little Dreamers”, 2011-2012 ©Dara Scully/Reprodução
“Bluebird’s Heart” ©Dara Scully/Reprodução
“Your skin is the landscape of my dreams”, 2012 ©Dara Scully/Reprodução
– “Il Est Pour Nous”, produzido por Olivia Bee para a Hermès: