1. O SUPERMERCADO DA CHANEL
Nós já escrevemos sobre a reação dos convidados no supermercado montado para o desfile, mas vale também ressaltar a ideia genial de Lagerfeld e sua equipe (sem falar na montagem impecável) em criar um centro de compras onde encontramos de tudo. A coleção segue a mesma ideia e, por isso, é uma das mais democráticas (esteticamente) da Chanel, tamanha a oferta de silhuetas, cores, peças e acessórios, que resultou com trocadilhos como “supermercado de estilos”. Os tênis, que apareceram na Alta-Costura, são hits em toda sua variedade. “Se você quiser parecer realmente ridícula, use um salto alto para ir ao supermercado”, brincou Karl em entrevista ao Style.com. De leggings a vestidos mais elaborados, essa coleção “real” busca conversar com as necessidades das mulheres para o dia a dia e também vão fazem eco à principal tendência da temporada: roupas casuais e descomplicadas. + Veja a coleção aqui
2. A ESTREIA DE NICOLAS GHESQUIÈRE NA VUITTON
“Hoje é um novo dia, um grande dia. Palavras não podem expressar como eu me sinto neste momento. Eu saúdo o trabalho de Marc Jacobs, cujo legado eu sinceramente espero honrar. Obrigado a todos vocês que me ajudaram a contar essa história.” Aqui uma versão resumida da carta que Nicolas escreveu em sua estreia na Louis Vuitton, certamente o momento mais aguardado da semana de Paris (tanto quanto Raf Simons na Dior). De fato, poucos designers são tão queridos como Ghesquière. Se você esperava um desfile daqueles transformadores, a decepção vai tomar o lugar da euforia. Ele começou discreto, partindo do casaco de couro (material trabalhado de forma exemplar) para criar um guarda-roupa completo para a mulher hoje. “Ouvi muito as meninas do ateliê, as mulheres ao meu redor, para entender o que elas querem, o que precisam”. + Veja a coleção aqui
Na primeira fila, a artista Cindy Sherman, a atriz Catherine Deneuve, o estilista Jean Paul Gaultier e a princesa Charlene de Mônaco, que anunciou que seu país irá receber o primeiro desfile de Resort com Nicolas à frente em maio. Bom começo e com a ala “peso pesado” da moda totalmente ao seu lado.
3. ANNA WINTOUR VAI PRA SEGUNDA FILA
O quê? Sim, você leu certo. A mulher mais poderosa do planeta fashion sentou na segunda fila no desfile da Valentino. As filas em um desfile traduzem o status que você tem dentro da indústria da moda. Fica entendido que, se você não está logo na primeira, não é do primeiro time. Por isso foi algo chocante ver Anna atrás de suas colegas de revista, Grace Coddington e Tonne Goodman. A imagem, claro, foi tuitada e instagramada à exaustão. Dizem que a Valentino cortou drasticamente os lugares reservados à imprensa americana, e Anna resolveu ceder sua cadeira a Sarah Mower, da Vogue.com, que teria que escrever o review do desfile. Um momento de humildade, mesmo que breve, cai sempre bem.
4. AS LÁGRIMAS DE VALENTINO
©Reprodução Instagram @mariaprata
Há cinco anos na direção criativa da maison, a dupla Pierpaolo Piccioli e Maria Grazia Chiuri tem honrado a marca com um trabalho excelente e mantido a Valentino no topo das grifes mais cobiçadas do mundo. Nesta temporada, eles se inspiraram nas artistas Giosetta Fioroni, Carol Ramae Carla Accardi, que romperam barreiras nas décadas de 60 e 70. Na passarela já é tradição deixar o queixo cair com lindos vestidos, dos monocromáticos aos estampados e bordados. Pierpaolo e Maria usam a roupa como uma plataforma que junta moda e arte, e ainda assim são de fácil desejo; ainda assim, tão Valentino. Na primeira fila, Valentino Garavani aplaudiu o desfile em pé, mandou beijos aos estilistas e até deu uma choradinha de emoção. + Veja a coleção aqui
5. RAF, RAF RAF!!
©Imaxtree
E após algumas temporadas, Raf Simons ganha o coração daqueles que ainda não estavam totalmente satisfeitos com seu trabalho na Dior. Foi certamente sua coleção mais elogiada. Very Dior, very Raf, ela traduz os códigos da casa, respeita seu legado, mas de uma forma que é característica de sua estética e de como percebe a mulher. “Queria dar liberdade à mulher e possibilidades na forma como elas se vestem”. De fato, há nesta coleção muitas opções para a consumidora da marca, que está mais jovem, com um pé no glamour rock’n’roll, outro no conto de fadas, e ainda assim é clássica, atemporal e feminina. A forma como ele interage com cores vibrantes é “de gala”. Ponto pra ele. + Veja a coleção aqui
6. RIHANNA COM A SEMANA LIVRE
©Reprodução Instagram @badgalriri
A cantora e musa fashion Rihanna estava bem desocupada durante a temporada de Paris. Ela apareceu na primeira fila de muitos desfiles, como Balmain, Chanel, Lanvin e Comme des Garçons, apostando forte em cada entrada, criando um efeito meio Lady Gaga. Seu passeio pelos desfiles foi tuitado, instagramado, etc, etc (inclusive pela gente, rsrs). Na Dior, ela aparece “dressed to kill”, com um casaco de pele vermelho, luvas de couro, óculos escuros e muitas pérolas. Na Lanvin, ela faz o tipo meio dândi, com alfaiataria cinza e chapéu. Na Balmain, ela usa um look militar da coleção, vestida pelo próprio diretor criativo Olivier Rousteing. Na Chanel ela usa um look lilás da Alta-Costura (e se divertiu no carrinho de supermercado com Cara Delevingne), mas foi na Comme des Garçons sua melhor entrada, com uma estola branca com a palavra Fear e um gorro com orelhas de coelho. Nas fotos que posta em seu perfil no Instagram, vemos o tamanho da produção e da entourage para cuidar de cada look. Eu digo Diamonds!
7. QUER ALTO IMPACTO? CHAMA O GARETH E A REI
Looks da Comme des Garçons e Gareth Pugh ©Imaxtree
Em uma temporada extremamente comercial, até mesmo em Paris, as emoções fortes em termos estéticos ficaram por conta do britânico Gareth Pugh e da japonesa Rei Kawakubo, com a Comme des Garçons. Ok, eles são conhecidos por isso, mas Viktor & Rolf e Maison Martin Margiela também são e mostraram suas coleções mais “normais” até hoje. A inspiração da Comme é… Monster. Rei explica: “Não é o típico monstro dos filmes de sci-fi. Essa expressão tem um significado muito mais profundo. A loucura da humanidade, o medo que todos sentimos, a sensação de que estamos indo além do bom senso e a ausência do normal, expressado por algo extremamente grande, que pode ser feio ou lindo. Em outras palavras, queria questionar os padrões de beleza vigentes”. Já Gareth não trabalhou com nenhum tema, apenas seguiu sua intuição e criou uma de suas melhores coleções nos últimos anos, um inverno branco e misterioso, estranhamente belo.
8. MODELOS EMBALADAS À VÁCUO
Um dos nomes mais fortes da nova geração, a holandesa Iris Van Herpen chamou a atenção não apenas com suas estampas hi-tech, mas com uma cenografia mucho louca e sapatos idem (cortesia de seus tempos trabalhando com Alexander McQueen). + Veja a coleção aqui
Iris convidou o artista Lawrence Malstaf para criar uma instalação na passarela, colocando modelos como Iekeline e Soo Joo em sacolas plásticas enormes embaladas à vácuo, como se fossem embriões futuristas. Elas recebiam oxigênio através de um tubo, mas não deviam estar nada confortáveis lá dentro, como conseguimos perceber pelas fotos. Outro ponto alto foram os sapatos (que lembram os da coleção de Primavera 2010 de McQueen), que eram altíssimos (plataforma de quase 20 cm), mas sem salto; o peso era totalmente na parte da frente do pé. Eles são uma parceria com a marca United Nude e foram criados por meio de uma impressão 3D. O site Fashionista até escreveu, brincando com quem tinha sofrido mais: as modelos penduradas nos “ziplocks” ou as que tiveram que andar a passarela toda usando os sapatos. Com imagens fortes assim, difícil foi mesmo olhar a coleção, muito bonita por sinal.
9. <3 60´s:
©Imaxtree
Eita, como a moda gosta desses anos 60. Piscou, é tendência. Nesta temporada, a década é uma das principais macro referências (desde de Nova York), e é interessante observar como cada estilista tem sua própria maneira de trabalhar com uma mesma época. Valentino e Saint Laurent são duas das principais marcas que trabalharam com os 60’s em mente e um ótimo exemplo de como a riqueza estética da década pode ecoar na passarela: de um lado o romance op art, do outro o astral da Swinging London.
10. SO LONG: SUZY MENKES TROCA “NYT” PELA “VOGUE”
©Reprodução
Após 25 anos como editora de estilo do “International Herald Tribune” (agora “International New York Times”), Suzy Menkes, 70, deixa seu cargo para se tornar editora da “Vogue” na Condé Nast International, atuando como crítica de moda e repórter, com presença permanente em todos os sites da “Vogue”. “É tremendamente excitante começar uma nova vida. Fui muito feliz no jornal, mas não há nada como a mudança. E moda tem tudo a ver com mudanças”, disse ao BoF. Dizem os boatos que já rolava uma tensão entre Menkes e o jornal. O fato é que sua saída desfalca de vez a equipe de moda do “The New York Times”, que já havia perdido Eric Wilson e, mais notavelmente, Cathy Horyn. Estranhamente, eles ainda não anunciaram nenhum substituto – não é nada fácil vestir os mesmos sapatos que Cathy e Suzy. Espera-se que uma equipe de ponta retome a área de moda da publicação, que sempre publicou artigos, colunas e reportagens bem escritas e honestas.
FFW também <3 os desfiles de: Hermès, Givenchy, Miu Miu, Balmain, Balenciaga, Lanvin e Dries Van Noten