Página inicial da ação do Pinterest em parceria com as semanas internacionais de moda ©Reprodução
“Para as grifes, ter uma abordagem mais ampla e digitalmente inclusiva em relação às semanas de moda é agora tão necessário quanto ter modelos em seus desfiles”, sentencia o “WWD” em reportagem sobre como as redes sociais estão afetando o formato tradicional de apresentação de coleções. De fato, considerando-se que Twitter, Instagram, Pinterest, YouTube e Facebook representam oportunidades para os designers divulgarem suas propostas muito além das passarelas, não é de se espantar que a relação entre moda e novas tecnologias tenda a ficar cada vez mais estreita.
Nesta temporada internacional de Verão 2014, que começou na quinta-feira (05.09) em Nova York, nota-se uma comoção especial com o anúncio de várias parcerias de representantes da indústria + redes sociais. Entre as principais iniciativas, estão:
Instagram:
– Rachel Zoe, Michael Kors, Rebecca Minkoff, Coco Rocha e mais insiders foram convidados a publicar fotos e vídeos do seu dia-a-dia, marcados com a hashtag #dayinthelife
– Telões foram instalados no Lincoln Center e Milk Studios para mostrar em tempo real fotos do Instagram com hashtags como #NYFW e #MBFW (Mercedes Benz Fashion Week)
Twitter e Vine:
– O CFDA, Eva Chen e Tim Gunn foram convidados a criar vídeos especiais de seis segundos, marcados com a hashtag #fashioninmotion
– Kenneth Cole, Rebecca Minkoff e mais insiders foram convidados a criar breves vídeos marcados com #behindthefashion para mostrar os bastidores de seus desfiles
– O Made Fashion Week do Milk Studios vai promover sessões de pergunta-e-resposta pelo Twitter com novos designers
Tumblr:
– O Tumblr pegou 20 de seus maiores bloggers e armou parcerias com grifes como Marc Jacobs, Oscar de la Renta, Calvin Klein e Thakoon durante alguns dias antes do início da temporada, para a geração de conteúdo especial para a plataforma
Pinterest:
– O Pinterest criou uma ação especial no pinterest.com/fashionweek, como já falamos aqui
Como em qualquer movimento que se inicia, porém, não é possível falar em unanimidades. Neste Verão 2014, a Oscar de la Renta, justamente uma das grifes que mais se destacam por sua presença forte nas redes sociais, especialmente no Twitter e no Pinterest, surpreendeu ao anunciar um corte considerável na lista de convidados “físicos” de seu desfile em Nova York sob a justificativa de que os interessados podem ver o desfile online pouco tempo depois, “o que faz eventos grandiosos perderem o sentido”. A decisão revela uma faceta contraditória deste momento da moda, com a ampliação do acesso aos desfiles criando uma vontade do retorno às apresentações menores e mais intimistas.
Afinal, o movimento atual é dar cada vez mais acesso à passarela e a tudo o que diz respeito ao processo de criação e desenvolvimento das coleções, e tanto as marcas quanto as redes sociais a princípio parecem se beneficiar com a divulgação de suas imagens e com o aumento da audiência, respectivamente. Mas, como analisa o “WWD”, ainda não se sabe se esse esforço faz com que as grifes conquistem novos seguidores – e, mais importantemente, se isso faz com que os consumidores comprem mais roupas.
Lá em 2010, quando começava o boom das redes sociais e marcas como Burberry investiam pesado em transmissões ao vivo e ferramentas que permitiam a compra quase que imediata das roupas mostradas na passarela, Tom Ford causou ao virar as costas para o imediatismo da internet, proibindo câmeras fotográficas e a divulgação de imagens não-oficiais do primeiro desfile de sua grife homônima. “Eu não entendo por que todos precisam ver tudo online um dia após o desfile. Eu não acho que sirva o consumidor, que é o principal foco do negócio”, ele já questionava.