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    Balenciaga processa Nicolas Ghesquière em R$ 21 milhões; entenda o caso
    Balenciaga processa Nicolas Ghesquière em R$ 21 milhões; entenda o caso
    POR Camila Yahn

    Nicolas Ghesquière na capa da edição de lançamento da “System” fotografada por Juergen Teller ©Reprodução

    Update: Em junho deste ano, o “WWD” confirmou os boatos que diziam que a Balenciaga iria processar Nicolas Ghesquière, ex-designer e sistema nervoso central da grife por quinze anos. Agora sabemos que os advogados do estilista têm até o dia 15 de outubro para apresentar os seus argumentos contra o processo instaurado por ocasião da entrevista que ele deu à primeira edição da revista londrina “System”, em abril deste ano. Ainda envolvida no caso está a stylist Marie-Amélie Sauvé, amiga de longa data e colega de trabalho do designer, que atuou como editora convidada da publicação.

    “A Balenciaga não queria que o designer justificasse a sua saída criticando a casa onde trabalhava. De forma geral, ambas as partes, conhecendo a hipersensibilidade da indústria da moda em relação a mudanças na direção criativa, estavam proibidas de comentar a sua separação a fim de evitar qualquer prejuízo nos seus interesses econômicos ou na sua imagem”, lê-se no processo criminal.

    No acordo que assinou em outubro de 2012, mês em que saiu da grife, o designer se abstinha de prestar declarações que de alguma forma prejudicassem a Balenciaga ou o grupo Kering, ex-PPR, ao qual a Balenciaga pertence. Segundo com as acusações, as declarações por ele prestadas à “System” denegriam tanto a imagem da marca como a do seu grupo mãe. De acordo com os documentos do tribunal, aos quais o “WWD” teve acesso, a maison procura um ressarcimento de US$ 9,2 milhões (cerca de R$ 21,7 milhões) – US$ 500 mil (cerca de R$ 1,2 milhão) a mais do que Ghesquière recebeu quando terminou o seu contrato – e ainda a publicação do julgamento, que deve ser concluído em meados de 2014, em várias publicações francesas de moda e negócios.

    Relembre abaixo o que o FFW publicou em abril deste ano sobre a entrevista que Nicolas Ghesquière concedeu à “System”:

    O primeiro número da nova revista “System”, nas bancas a partir de maio, já chega com uma capa de peso: Nicolas Ghesquière fala pela primeira vez sobre a sua saída da Balenciaga. A publicação semestral foi fundada por Alexia Niedzielski e Elizabeth von Guttman, editoras da “Interview”, Jonathan Wingfield, ex-editor da “Numéro”, e Thomas Lenthal, diretor de arte do jornal “Paradis”. Seu objetivo é discutir o “sistema” da indústria da moda e como isso afeta o ambiente em volta.

    Para a edição de lançamento, a editora convidada é a super stylist e editora de moda sênior da revista “W”, Marie-Amélie Sauvé, que se juntou a Ghesquière quando ele foi para a Balenciaga em 1997. Sauvé e Ghesquière conheceram-se através de um amigo em comum, o PR Lionel Vermeil, que trabalhava com Jean Paul Gaultier, onde Nicolas era estagiário. Juntos, criaram imagens e campanhas históricas para a Balenciaga.

    O site The Business of Fashion publicou um trecho da entrevista, ponto alto na “System” nº 1, que conta também com conversas com Yves Carcelle, ex-CEO da Louis Vuitton, e com os designers Azzedine Alaïa e Valentino.

    Na entrevista, conduzida por Jonathan Wingfield, Ghesquière fala pela primeira vez sobre os motivos que o levaram a sair da maison onde trabalhou durante 15 anos, as visões que tinha para a marca, o estado da moda nos dias de hoje e o que o futuro reserva para a indústria. Um dos momentos mais fortes se dá quando o estilista confessa que uma das razões que o levaram a sair é que não sentia que o seu trabalho era valorizado pela direção. “Durante os últimos dois ou três anos foi uma frustração atrás da outra. Foi essa falta de cultura que me incomodou no final. As peças mais fortes que fazíamos para a passarela eram ignoradas pelas pessoas dos negócios. Eles esqueciam que para termos aquela “biker jacket” super-vendável precisávamos começar por uma peça de passarela com uma técnica perfeita. Comecei a ficar infeliz quando percebi que não existia estima, interesse ou reconhecimento pela pesquisa que eu fazia; eles só se interessavam pelo que seria o resultado mercadológico. Tornei-me o Sr. Merchandiser”, diz.

    Trabalhando sozinho, sem um parceiro de business, Nicolas procurava unir criatividade com visão comercial. “Faz parte do trabalho criativo porque a visão que você tem vai acabar nas lojas. Hoje quando penso nisso, dou risada porque fui eu que tive que inventar o conceito de comercial na Balenciaga”, afirma.

    O designer chega até a dar o (bom) exemplo da Prada e da interação da marca entre comercial e criativo. “A Prada, por exemplo, criou um modelo em que consegue ser um negócio e um líder de opinião ao mesmo tempo, o que é completamente admirável. Infelizmente eu nunca tive isso. Nunca tive um parceiro e acabava me sentindo sozinho”, diz. Frustração atrás de frustração, Ghesquière entendeu que era tempo de sair. As suas visões para a marca não eram compatíveis com as da direção. “Mais do que qualquer coisa, você precisa de pessoas que entendam de moda. Tem pessoas com quem trabalhei que nunca entenderam como isso funciona. Eles falam que amam moda, mas nunca se ligaram que não estão vendendo um  iogurte ou um móvel”, diz.

    De acordo com a “Vogue” britânica, os planos para o futuro de Ghesquière estão próximos de serem revelados: O designer está a preparar um anúncio oficial, mas confessa que primeiro tem “escolhas a fazer”, segundo palavras do próprio. “Posso estar a colocar-me em perigo, mas isso é exatamente o que eu quero hoje em dia. Eu tive anos de conforto extremo na Balenciaga. É fantástica a busca por esse estatuto em que você pode explorar coisas novas em vez de se contentar com uma rotina – mesmo que seja super confortável e incrível – eu não poderia estar em posição melhor”, diz ao veículo. “Idealmente gostaria de me dar uns seis meses de interval”, diz à revista alemã “032c”, de acordo com o “WWD”. “Dado os projetos e ofertas que tenho em cima da mesa, o truque é pensar no que é mais inspirador e o que pode ser uma nova forma de trabalhar”, continua.

    Apesar de ainda não estar nada confirmado, a “Vogue” britânica noticiou o boato de que Ghesquière pode estar a considerar uma parceria com a LVMH para lançar a sua própria marca.

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