Felipe Morozini ©Ricardo Toscani
Como já falamos aqui, o fotógrafo e artista plástico Felipe Morozini é o responsável pela cenografia desta edição do SPFW. De visões futuristas do Ceasa a uma preocupação com o meio ambiente, os 1.500 vasos que Felipe plantou no Parque Villa Lobos carregam uma mensagem. Abaixo, descubra os segredos que estão dentro de cada vaso da “Garden Party” do SPFW Inverno 2013:
“Uma vez definido o conceito de estufa, junto com ele veio a ideia do Ceasa, que é onde se vende flores e plantas em São Paulo, mas no ano de 2052, então é pensar uns anos para a frente. Se você fizer uma relação com a moda, quando você compra um bom vestido, você vê a costura. Aqui tem exatamente a mesma coisa. Porque é assim, no meio de 1.500 vasos, se você olhar com atenção, vai ver que umas plantas têm olhos, outras que terminam em um negócio que parece um polvo… é a tentativa de propor um novo jeito de pensar, e claro, criar essa metáfora entre como vai ser a natureza daqui a uns anos – se vai ter oxigênio, se vai ter água… esse calor de hoje que fez 40 graus, daqui a dez anos vão fazer 50. Que moda vai ser essa? Que tecido é esse que vai ter que existir?”.
A obra de Jardineiro com câmeras que imitam flores (e vice-versa) ©Ricardo Toscani
“Gosto de imaginar isso e gosto de pensar na parte sustentável porque trabalhamos com os elementos naturais – os móveis são poltronas francesas antigas, garimpadas e forradas com grama. E assim que eu pensei no ambiente Ceasa 2052, logo me veio à mente a obra de um artista que se chama Jardineiro [José Feliciano]. De longe é um vaso de flor, mas se você olhar de perto são mini-câmeras fotográficas, porque eu gosto de imaginar que em um evento de moda você vai ter câmeras fotográficas nas flores e fazer essa relação de estímulo à criatividade dos estilistas. Tentar promover isso através de uma cenografia diferente”.
“Cada vasinho tem os detalhes que eu falei. Tem um que tem olhinhos, um que tem boquinha e você tem que ir procurando como se fosse um detalhe de roupa”.
O detalhe dos tomates protegidos por uma redoma em um dos vasos conceituais ©Ricardo Toscani
“Tem dois vasos que são os vasos conceituais, o da entrada e um que fica entre as salas de desfile. Um deles tem uma lâmpada que sai da terra e o tomate está protegido porque daqui a um tempo talvez não existirá. É uma brincadeira sutil e muito bem humorada de pensar uma cenografia. E acho que ficou fácil, uma vez definido, de estabelecer essa relação metafórica de cada vez que a gente plantou uma plantinha, que isso reverbere na moda. Que cada estilista cumpra o seu papel”.