Por Juliana Lopes, direto de Milão
Look do desfile da Versace Verão 2013 ©ImaxTREE
Os dourados, os apliques, as correntes, as medusas belíssimas encravadas no melhor couro que o mercado italiano oferece e muitos outros detalhes são o que destacam as coleções da Versace. Menos impactante na passarela neste ano, se compararmos com a coleção passada, mas olhando de perto, sabemos: continua Versace. Os preciosismos de um material pesquisado com muito rigor fazem a riqueza da marca de Donatella e cada peça vem com o peso estético de uma joia. É o fascínio histórico que, desde os tempos de Gianni, atiça a vontade glamurosa das mulheres que querem seduzir quase que a si mesmas com esse brilho.
Detalhe de um dos looks da Versace, que mistura o tie dye do hippie com os metais que remetem ao rock ©Juliana Lopes
A mulher-Versace deste ano é bem diferente da do ano passado, que tinha uma alma mais gótica e rocker no sentido dark e visceral da palavra, ainda que feminino. Neste ano o rock estava lá, e Donatella ama, em memória dos belos anos 80 e 90 vibrantes que viveu. Mas em contrapartida à última estação, agora é um rock assim, digamos, mais ensolarado. Como se a mulher-Versace deste ano tivesse chegado mais cedo num festival ao ar livre, quando as bandas começam a tocar ainda sob à luz do sol e a paisagem em torno completa o cenário hippie. Pra isso se vale de tecidos mais leves e soltos, tons pastel e o tie dye, que cria amores ou ódios dependendo da fase fashion em que se apresenta. Cabelões soltos, beleza mais natural, acessórios em tons de areia, mas espere um pouco: os acessórios precisam de um capítulo especial. Antes de falar deles, impossível pular os metais que sempre dão o brilho esperado de Versace. Desta vez vieram como ráfias, franjas finíssimas que balançavam com os passos largos das modelos. Nesta hora de brilhos dourados e prateados, foi como se a platéia respirasse aliviada e dissesse: “Sim, é Versace”.
Acessórios importantes
As bolsas da coleção que fotografamos bem de perto no showroom após o desfile ©Juliana Lopes
Ainda que as franjas e as alças em couro (que lembravam cintos) dessem uma certa sustentação aos looks molinhos, o grande trunfo foi dos acessórios. O que estruturou os looks, o que deu um peso importante foram, sem dúvidas, os sapatos e as bolsas. As botas – um mix de gladiador com bico fino de scarpin – eram quase sandálias gigantescas e imponentes, subindo pelas pernas em alças trançadas e espaçadas. Encravada em cada uma das alças, a medusa!
Looks do desfile da Versace Verão 2013 ©ImaxTREE
FFW visitou o showroom da marca e viu de perto a quantidade e a precisão das medusinhas. Nas alças das bolsas, nas alças do sapato-bota-sandália (como chamar?), nos fechos, ou como ornamentos com a utilidade apenas de enfeitar, e pronto. As medusas estão espalhadas por todos-os-lugares. Desde a porta do casarão Versace, a medusa está lá, um mito-monstro que carrega uma triste história, mas que virou um ícone que nos transmite um glamour dos anos 80. E dizem que Gianni adorava encomendar milhares de medusinhas, em diversos tamanhos, cores e materiais, como a Versace está fazendo em seus acessórios.
Looks do desfile da Versace Verão 2013 ©ImaxTREE
As medusas e a forma de utilizá-las desta vez foram responsáveis por diminuir a carga hippie que os looks tinham. E mesmo nas bolsas, se as medusas não estivessem lá, o mood hippie seria inevitável. Porque bolsas de alça feitas com couro opaco cor camelo e trançadinho… como não ser hippie? Pois bem, sabiamente esses mesmos couros claros e trançados ganharam o peso do dourado, do metal, do galvanizado, das correntes douradas aplicadas artesanalmente. Uma das alças inclusive acabou parecida com uma alça de guitarra. That is rock.
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