Por Juliana Lopes
Poucos dias antes do início da temporada Verão 2013 da semana de moda italiana, dois assuntos já esquentavam o solo milanês. Uma briga e uma novidade business.
A novidade business ainda está para ser anunciada e o FFW acompanhou de perto os comentários: a abertura de um escritório de Elsa Schiaparelli em Milão, para contentar seu futuro diretor criativo, Rudy Paglialunga. Muita gente está torcendo pra dar certo, principalmente porque o estúdio criativo será em solo italiano. Segundo fontes do mercado, Rudy não queria mudar de Milão para Paris (local onde foi reinagurada a maison neste ano, no mesmo endereço em que funcionava 80 anos atrás, 21 Place Vendôme).
Para quem não lembra deste nome, Rudy Paglialunga é ex-designer da Vionnet e foi responsável por dar um up na marca, levando sua precedente experiência na Prada. E tem muita gente na cidade torcendo para a inauguração desse ateliê, afinal ele representa mais trabalho e mais acontecimentos na capital da moda que, de certa forma, sempre acaba competindo com Paris.
Rudy Paglialunga, ex-Vionnet e Prada, deve assumir a maison Elsa Schiaparelli ©Reprodução
Mas o mundo da moda girava suas atenções para as apresentações novaiorquinas e inglesas enquanto as negociações eram feitas. E também enquanto a briga entre Roberto Cavalli e a Câmara de Moda Italiana surpreendia internautas e jornalistas, que recebiam mensagens dignas de novela das oito. Aquela polidez e elegância que o mundo da moda quer passar… Sumiram. E a briga… o eterno drama do calendário.
O motivo, de novo, aquele mesmo motivo que cria confusão das grandes em vésperas de desfile: o bendito calendário. O line-up da semana italiana parece um dos projetos mais difíceis de serem desenhados. Pra começar, os emails vão chegando aos poucos, com schedules pré-pré-pré confirmados. Locações ainda não fechadas, marcas ainda não confirmadas. Parece normal para um grande evento, mas talvez um pouco em cima da hora! Primeiro se recebe o “primeiro rascunho do calendário”, depois o “segundo rascunho do calendário”, até que em algum momento (a poucos dias da temporada começar) os jornalistas recebem um “calendário definitivo”, que pode ter algumas modificações.
O enrosco com Roberto Cavalli foi quando a Câmara de Moda confirmou seu desfile para o penúltimo dia do evento. E todo mundo sabe que o penúltimo dia na verdade é, para a maioria dos profissionais especializados, o último dia. Porque no último dia mesmo nenhum grande designer se apresenta e o êxodo para Paris já aconteceu. Cavalli ficou enfurecido. Isso já aconteceu em outra temporada. Ele ficou bem bravo porque muitas pessoas estreladas do mundinho chegavam já de malas para ver seu desfile, para sair de lá direto pro aeroporto. Isso quando iam, já que muita gente não esperou Cavalli para sair de Milão. FFW já tinha publicado o resultado da fúria de Cavalli, que foi exteriorizada em seu blog.
Do outro lado da briga, outro ente dinossáurico: o presidente da Camara Della Moda, Mario Boselli. Querendo defender-se das ofensas de Cavalli, rebateram as críticas publicamente, no mailing da imprensa. Veja o trecho da defesa:
“A direção da Camera Nazionale della Moda Italiana teve acesso às declarações de Roberto Cavalli e decidiu não comentar suas opiniões relativas ao calendário da próxima edição da Milano Moda Donna.
Mas contesta esta declaração de Cavalli: ‘A Camera de Moda Italiana hoje se ocupa apenas de estabelecer datas e horários dos desfiles duas vezes ao ano’. Declaração que demonstra um nada generoso mal entendido da importantíssima atividade de representação institucional e promoção da Moda Italiana que acontece na Itália e fora dela, onde a Camera tem uma máxima consideração por sua seriedade e afidabilidade”.