Juliana Lopes, direto de Copenhague
©Juliana Lopes
Os pensamentos e planos em volta de uma grande ação exigem um grande evento. Por isso mesmo o Brasil, referência de recursos naturais abundantes – mas não inesgotáveis – vai hospedar o Rio + 20 em breve. Mas antes, para não perder o pé do que tem acontecido no mundo da moda sustentável, o FFW esteve presente no começo do mês na segunda edição do Copenhagen Fashion Summit. Conheça um pouco quem são e veja o que os palestrantes disseram para a plateia do incrível teatro (super high tech) Opera House.
Princesa Mary da Dinamarca
Super apoiadora de moda sustentável, a princesa da Dinamarca esteve presente nas duas edições do evento. O modo de ser e de se apresentar ao público é uma lição de elegância. Em vez de querer estardalhaços, a princesa sempre entra, discretamente, por algum cantinho que ninguém desconfia. Se estão todos focados na passarela para ver o desfile, ela chega pelo lado oposto. Bonita e bem vestida, lembra ligeiramente Kate Middleton.
A princesa fez um apelo às marcas de moda que protejam e preservem o planeta e os seres humanos. Pediu que as indústrias sejam transparentes, que informem o modo como trabalham e que sejam cuidadosas com o uso de substâncias químicas nocivas. “Information is needed” (“Informar é necessário”), resume o seu pensamento. E no final, um cutucão fashion: “Já ficou fora de moda ignorar esses valores”.
Anne Prahl, consultora sênior do WGSN
Representando o birô de tendências mais famoso do mundo, Anne Prahl frisou a importância de dois elementos basilares para uma moda melhor: informação e conexão. Ou seja, os produtos devem encontrar alternativas para informar de onde e como foram feitos. E o designer deve estar conectado ao consumidor, em um canal de informação onde o consumidor percebe o que está sendo criado e se aquilo respeita determinados valores. O que é mais interessante é que, no geral, se sente a questão de que é importante comprar melhor, mas menos.
Alguns valores que Anne Prahl citou como importantes para esse novo momento da moda: longevidade dos produtos, inovação e criatividade para criar novos tipos de mercado e reutilização de ideias, de matéria-prima, tendência. Enfim, aproveitar mais o que temos, olhar a mesma peça com outros olhos. Estudantes de design, fiquem de olho, a solução vem de vocês!
Helena Helmersson, diretora de Sustentabilidade da H&M
A H&M não se escondeu dessa discussão, apesar de existir um consenso geral de que as empresas de fast fashion abusam da natureza e dos seres humanos para fazer uma moda tão rápida. A presença de Helena é uma ótima oportunidade de continuarmos observando se alternativas estão sendo tomadas. Mas é ainda bem difícil enxergar o processo produtivo da H&M. Helena aconselhou os consumidores, apontando parcela de responsabilidade também a eles, a terem novas táticas de preservação das roupas, inclusive lavando menos. Porém, as roupas da H&M duram menos que as outras, ainda as lavemos menos. Ela também afirmou que a empresa é a maior utilizadora de algodão orgânico no mundo. Mas isso também pode causar impactos!
“As pessoas gostam de moda e eu não quero que elas se sintam culpadas por isso”, disse. “Estamos fazendo tudo o que podemos”. Ok, Helena, então se tivermos certeza da transparência das empresas podemos consumir com tranquilidade.
Kirsten Brodde, chefe das campanhas de “Detox” do Greenpeace International
O Greenpeace vem lançando essa campanha chamada “Detox”, ou seja, desintoxicar as indústrias. Principalmente as poluidoras da água. O discurso de Kirsten foi bem direto ao ponto. “A moda que estraga a água não é nada glamurosa”, falou, mostrando imagens de águas poluídas. Isso porque, em processos de lavagens de tecido, muitos resíduos destroem o ambiente. Sem contar a quantidade de água usada em processos como o denim, por exemplo, em que litros e litros são necessários. Kirsten pediu comprometimento político aos governantes. E disse que um dos objetivos do Greenpeace é transformar consumidores em ativistas. O consumidor ativista, entre outras coisas, simplesmente deixa de comprar as marcas nocivas.
Mas antes de finalizar, Kirsten acenou marcas que vêm demonstrando comprometimento em investigar a si próprias, como Puma, Gucci e Alexander McQueen.
Holly Dublin, assessora de Sustentabilidade do grupo de luxo PPR
O grupo PPR abrange várias marcas de luxo super conhecidas: Stella McCartney, Balenciaga, Yves Saint Laurent, Bottega Veneta e muitas outras. O grupo lançou um documento prometendo, em abril, atingir metas de sustentabilidade até 2016. Reduzir emissão de carbono, conduzir os métodos de trabalho, lançar coleções sem PVC, e não usar nenhum ouro ou diamante que cause impacto social ou ambiental nas comunidades produtoras. O discurso de Holly foi um dos mais cativantes. Ela disse que, se a moda tem a capacidade de influenciar lifestyle e inspirar os outros a seguir, então ela tem capacidade de espalhar esses valores nobres que precisam ser fortalecidos. Holly surpreendeu. Vamos ficar de olho nesse nome!
A conferência rendeu muitas novas ideias e revelou personagens interessantes. O FFW promete divulgar mais sobre o assunto nos próximos posts!
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