Nadine Ponce na passarela da Prada na semana de moda de Milão Verão 2012 © ImaxTREE
Uma new face brasileira apareceu no disputado desfile da Prada, nesta quinta, em Milão. Nadine Ponce, 18, está sendo apadrinhada pelo diretor de casting Russel Marshall, que a escalou para a Prada e a colocou em opção para todos os desfiles sob sua supervisão. Nadine e Daiane Conterato foram as únicas brasileiras no casting da marca nessa estação. (Veja aqui o desfile completo)
Nadine nasceu em São Paulo, mas tem pai alemão e mora em Zurique. Nunca levou a carreira de modelo a sério porque sua família sempre cobrou que os estudos tivessem prioridade em sua vida. Tal pai, tal filha. Nadine é uma menina séria, dedicada e estudiosa e somente agora vislumbra de fato o poder de uma carreira de modelo bem sucedida.
Essa é a primeira vez que ela desfila fora do Brasil, mas Nadine já apareceu por aqui há duas estações. A modelo fez sua estreia na SPFW Inverno 2011, quando foi selecionada para Gloria Coelho, Cori, Cavalera, Animale e Maria Bonita. Na estação seguinte, ela ainda pegou Tufi Duek e Movimento, mas foi no Fashion Rio que ela despontou, com 16 desfiles, entre eles Herchcovitch, Lenny, Cantão e Maria Bonita Extra. Aqui no Brasil , Nadine é agenciada por Bruno Soares, que também cuida de Aline Weber e Natalia Zambiasi.
Nadine, no desfile da Animale, durante a coleção de Verão 2012 ©Fotosite/FFW
Essa deve ser uma temporada promissora neste início de carreira de Nadine. Todos ficam atentos ao casting da Prada, que já revelou modelos como Sasha Pivovarova. Muitas meninas que pisam na passarela da marca vão do desfile direto para as páginas de revistas e shows de outras grifes. Fiquem atentos, então, porque ainda vamos ouvir falar bem de Nadine.
Nós conversamos com ela por telefone, entre um casting e outro. Leia abaixo trechos da conversa:
Essa é a sua primeira temporada fora do Brasil?
Sim. Nunca havia desfilado no exterior e só agora comecei a trabalhar full time como modelo.
O produtor Russel Marshall foi quem te colocou no casting da Prada. Como vocês se conheceram?
Em um casting em Londres, antes da temporada. Ele gostou de mim e através dele eu fiz vários desfiles bons lá, como Christopher Kane, Jonathan Saunders e Acquascutum.
E como foi a história com a Prada?
Pousei em Milão, fui direto pra Prada e me pediram para voltar no dia seguinte. Tinha umas quinze meninas lá e ficamos esperando o dia inteiro. Daí eles iam cortando, cortando, e ficavam cada vez menos meninas. Tava com muito medo, morri e ressuscitei umas oito vezes naquele dia. Já ouvi tanta história dizendo que cortam a modelo na hora dela entrar na passarela… Eu queria pegar o desfile, né? É uma grande oportunidade. Cheguei lá às 9h da manhã e eles acabaram me usando para fazer prova de make e cabelo. Fiquei lá até as 4 da manhã do dia seguinte. Hoje, cheguei para o desfile e ainda mal podia acreditar.
Você chegou a conversar um pouco com a Miuccia Prada?
Não, ela estava com muitas preocupações, muita coisa para pensar. As roupas não estavam prontas direito, ninguém sabia o que fazer com o cabelo, o clima não estava muito leve. Então ninguém conversava com ninguém, o que é uma pena. Eu adoraria bater um papo com ela, que tem uma visão muito interessante sobre a moda.
E agora, o que mais você vai fazer em Milão?
O plano era só fazer o desfile da Prada. Estou em opção para alguns desfiles, mas ainda não sei de nada. Se rolar mais coisas, será ótimo.
Nadine desfila para Cori e Tufi Duek, na temporada de Verão 2012 ©Fotosite/FFW
Você sente falta do Brasil?
Muita! Dos meus amigos, das baladas, que eu amo, do calor humano brasileiro, dos homens brasileiros… (risos)
Ah é?
Juro! Minha vida amorosa aqui é zerada (risos). Namorei um inglês por muito tempo, e também um francês. E já conheci homens de outras nacionalidades, mas o brasileiro tem uma coisa especial. Claro que tem muito homem idiota no Brasil, mas sinto falta dos bons…
Que mais?
No Brasil a gente tinha uma empregada em casa, e a alimentação é sempre fresca. Na Suíça a gente não tem nenhuma ajuda, então todo mundo tem que se virar. Sinto falta daquela comidinha feita na hora. Aqui não é assim.
O que os seus pais fazem?
Meu pai trabalha no mercado financeiro, por isso moramos na Suíça. Minha mãe é ex-professora de línguas.
Você chegou a morar no Brasil?
Nasci em São Paulo e com dois anos fui pra Alemanha. Passei um tempo lá e fomos para a Suíça, onde fiquei por alguns anos. Depois passamos oito anos no Brasil e estou de novo há três na Suíça. Em São Paulo estudava no Porto Seguro.
Seu booker disse que você é uma menina muito séria e estudiosa…
Eu tenho um pai alemão, que teve uma educação europeia, mas ele também tem um lado muito aberto e está me dando o maior apoio com tudo isso. Meu avo é médico, sempre estudou, então eu venho de uma família muito estudiosa. Pra mim o estudo é muito importante. Eu não trabalhava como modelo porque queria fazer minhas coisas direito e também aproveitar a vida. Queria viver, sair, conhecer as pessoas. Não queria gente mandando em mim. Para ser modelo, você abre mão de muita coisa.
Você se acha bonita?
Nem um pouco. Inclusive hoje, me olhei no espelho e… Sempre fui muito insegura. É impressionante, eu acho defeito em tudo no meu corpo. Sempre ouvi elogios, mas nunca levei a sério. Eu me acho diferente. Essas coisas superficiais de beleza eu não levo a serio.
Você tinha uma relação com a moda antes de trabalhar como modelo?
Odeio falar isso, mas nunca liguei pra moda, pra marca, pra designer… Sempre tive minhas grifes preferidas, tipo Calvin Klein e Ralph Lauren. Sempre gostei de revista, maquiagem, mas nunca fui fã do mundo da moda.
E agora, quais são suas expectativas?
Estou fora da minha zona de conforto em todos os sentidos. Essa fase é um desafio para mim. Estou louca para ir para Paris, pois acho que vai ser muito bom. Depois vou morar em Nova York. Morar não, passar um tempo. É uma grande aventura.