A semana de moda masculina de Paris começou ontem já causando um bom barulho. Foi na tarde da última quarta-feira (19/01) que o mundo da moda acompanhou atento o retorno de uma das mais icônicas marcas dos anos 80 e 90, a Thierry Mugler _que a partir de agora passa a se chamar só Mugler.
Sob comando do super stylist Nichola Formichetti, a marca ressurge com força total, e prometendo um novo modelo de criação para o século 21.
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Com trilha exclusiva de Lady Gaga, que aproveitou a ocasião e amizade com Formichetti para lançar sua nova música (só que remixada para o desfile), a apresentação foi quase uma síntese de como se apresenta e se consome moda hoje em dia. Com um vídeo rolando ao fundo durante toda a apresentação (feito por Mariano Vivanco), modelos entravam vestindo ternos meticulosamente alterados _zíperes em lugares não-convencionais, cortes mais geométricos, proporções alteradas_ e truques de styling pensados para uma combinação perfeita entre projeção e realidade. Cabeças pintadas de preto com uma tinta viscosa, quase um vinil derretido, mangas de látex preto, coletes tipo armaduras 3-D e véus gelatinosos caindo sobre as cabeça de alguns modelos.
Um futurismo possível e nada assustador. Talvez um pouco diferente daquele superpoder que Thierry Mugler imprimia sobre as imagens que criava na passarela. Mas 10 anos depois (ele se aposentou em 2001) essa lógica talvez não faça mais sentido. O futurismo de Romain Kremer, estilista responsável pelo masculino da grife, sempre manteve raízes fincadas na realidade _ou no indivíduo que nela habita.
Nichola Formichett0 lançou mão de uma poderosa _e mais do que esperta_ conexão com a cultura pop. “Minha visão é de moda como arte e como show”, disse em entrevista. Da trilha sonora, assinada por sua amiga e cliente Lady Gaga, passando pela projeção e toda criação de imagem da coleção e desfile, tudo exalava cultura pop. Ainda que uma cultura pop maquiada de subversiva ou underground, mas com aquele poder de penetrar em nossas mentes e martelar como um hit de Gaga nas caixas de som.
Assim como Thierry Mugler, Formichetti não estudou moda, nem teve qualquer formação formal em design. Vale lembra que Mugler codirigiu (reza a lenda) e assinou todo o figurino do clipe de 1992 de “Too Funky” de George Michael. Mais recentemente foi ele também o responsável pelas roupas que Beyoncé usou em sua turnê de 2009.
Formichetti soma incríveis trabalhos nas revistas “Dazed & Confused”, “V” e “Vogue Homme Japan”, além de todo seu histórico com Lady Gaga, a qual conheceu em 2009 durante uma seção de fotos. Sob seu comando estão 2 incríveis estilistas: Romain Kremer no masculino e Sebastin Peigne _que estava há 10 anos na Balenciaga_ no feminino.
Como Suzy Menkes, editora de moda do “IHT’, escreveu: talvez seja uma nova fórmula de se fazer moda e reviver marcas adormecidas. Com diretores de criação com visões para muito além dos arquivos das marcas e dos cadernos de desenhos. “Uma moda sem fronteiras _é nova, sou eu, é jovem, é global, é digital”, justificou Formichetti.