A liberdade de um tempo se reflete na moda da época. Um ótimo exemplo dessa relação é a contínua exploração das silhuetas esculturais do tricô, técnica têxtil que, quando inflada, moldada ou acolchoada, ganha formas totalmente novas e absolutamente inspiracionais.
A primeira, que já apareceu no corpo de Carol Trentini, é bem abstrata: sobre balões de ar, as peças de estilistas como Phillip Toledano e LucyandBart exploram o paralelo entre moda, arquitetura e anatomia de uma maneira estranha e futurista.
Peças de LucyandBart (e) e Phillip Toledano /WGSN/Reprodução
Já a artista e designer Daniera Ter Haar preferiu dar atenção ao tecido e sua experiência sensorial: através de pregas, estufamentos e encolhimentos, ela reproduz à sua maneira as membranas esponjosas que compõe o corpo humano. As palavras aqui são toques, texturas.
Tecidos de Daniera ter Haar /WGSN/Reprodução
A designer Louise Goldin, que fez um estágio pra lá de útil com a brasileira Terezinha Santos_ a estilista da Patachou _, é fã das chamadas morfoestruturas corporais: em sua coleção de Verão 2009, ela usou um tricô especial médico para criar formas exoesqueletais, colocadas sob transparências no desfile, que criam um fantástico efeito estrutural.
Louise Goldin Verão 2009 /WGSN/Reprodução
O acolchoamento também tem seus extremos quando usado em grande escala: é o caso de Kye Avomt Lin e sua musculatura fake e do colete gigante de Vilsbøl de Arce — aqui, os estereótipos de masculino e feminino não tem vez.
Kye Avomt Lin (e), Vilsbøl de Arce /WGSN/Reprodução
Outro extremo é bem mais delicado: esvaziar o volume exagerando, dando uma impressão de leveza quase etérea, principalmente quando usado nos tons pastel escolhidos por Anna Zwick.
Os volumes leves de Heidi Wikar (e) e Anna Zwick /WGSN/Reprodução
Há também os tricôs articulados, que mais parecem origamis de tão delicados: estruturalmente técnicos, leves e um pouco transparentes, as peças de Tang Mei Yan exemplificam bem o que o buerau WGSN chama de “estruturas colapsantes”.
As peças de Tang Mei Yan /WGSN/Reprodução
Ilze Pilina articula o tricô de outra maneira: as peças são desconstruídas e construídas novamente utilizando técnicas experimentais de costura que criam volumes diferentes, e silhuetas quase alienígenas. Lady GaGa aprova.
Ilze Pilina e seus tricôs estruturais /WGSN/Reprodução