A Maison Martin Margiela é conhecida tanto pelo anonimato de sua equipe quanto pela coletividade do processo criativo _mesmo quando o próprio Martin Margiela, que deixou a marca em 2009, ainda estava por lá.
O WGSN conversou com o CEO da Maison, Giovanni Pungetti, sobre o futuro e o crescimento da MMM sem a presença do seu fundador. “Martin sempre disse a equipe: ‘vocês são mais Margiela que eu'”, revelou.
Defina a Maison Martin Margiela.
Somos vanguardistas, inovadores, somos únicos, mágicos, nunca seguimos tendências, sempre quisemos propor algo novo.
Como a saída de Margiela refletiu internamente?
Margiela não era um ditador como alguns estilistas aparentemente são, ele era muito democrático. Estava sempre envolvido e realmente escutava as pessoas que trabalhavam com ele.
Nos últimos anos, ele não estava muito presente na empresa. Então progressivamente a equipe foi capaz de entender como trabalhar sem sua presença. O chefe da equipe de design trabalhou com ele por 20 anos, o chefe de design de interiores trabalhou com ele por 12 anos. É claro que sentimos sua falta, mas no geral a empresa é a mesma.
Como serão os anos pós-Margiela?
Acreditamos que esta [a não-contratação de um novo diretor criativo] é a melhor solução porque queremos que a casa continue sendo a casa de Martin Margiela, com ou sem ele. Se você contrata alguém, é claro que essa pessoa vai chegar e tentar adaptar sua criatividade ao valor da marca, mas será uma visão dessa pessoa. Mas as pessoas da maison cresceram com Martin: eles são a maison.
O único desafio é que precisamos continuar inovando, precisamos progredir e precisamos muito evitar copiar ou pensar ou repetir o que Martin fazia. O desafio que a equipe tem é inovar, e por enquanto temos tido sucesso. Não sei em 2 ou 3 anos, mas por enquanto acreditamos em nossa decisão.
O que mudou com a aquisição da maioria das ações por Renzo Rosso, dono da Diesel?
Desde a chegada do novo acionista, decidimos desenvolver a empresa. O que achamos quando chegamos foi um grande conceito, um grande produto, uma grande Maison _mas que não era explorada. Era muito pequena, fechada. Dissemos: ‘vocês estão fazendo coisas lindas, por que querem escondê-las?’
Consideramo-nos não só uma marca simples de roupas mas também uma marca de conceito e estido de vida. Então a primeira coisa foi desenvolver as coleções: ter um look ready-to-wear muito completo e, de pouco em pouco, adicionar outras coisas que amamos e são próximas ao nosso modo. Mas temos muito claro que o negócio de roupas será nosso negócio central.
Não queremos esticar muito, mas é agradável produzir um perfume. É agradável ter móveis ou objetos de design porque isso é algo que já temos em nossas lojas, escritórios, showrooms — então por que não propor isso a um público mais? A ideia não é ficar muito comercial, mas também não ficar muito escondido porque isso não faz sentido.
Quem é o target da Margiela?
A maioria de nossos clientes e compradores é leal. Inovamos constantemente. Se as pessoas amam comprar algo novo, precisam ir à marca que sempre propõe algo novo. Homens são mais conservadores com compras, mas as mulheres amam comprar algo novo ou muito, muito diferente _por isso precisam de uma marca como a nossa.
Essa foi uma ocasião para mostrar o que o fundador e a equipe criativa fizeram em 20 anos. Mas foi apenas o primeiro passo. A vida da Maison ainda existe. Já estamos pensando na segunda celebração.