Em parte como homenagem, em parte para mostrar que a grife não morreu com seu criador, a coleção que Alexander McQueen finalizou dias antes de cometer suicídio foi apresentada nesta terça-feira (09/03) aqui em Paris. Num desfile fechado apenas para alguns poucos jornalistas, o legado de um dos maiores estilistas desse começo de século parece ter chegado ao fim.
O último respiro de McQueen estava presente na concisa coleção de apenas 15 looks. Pautadas por um certo clima medieval, as roupas traziam o aprofundamento histórico que sempre marcou seu trabalho. Desta vez, além das formas tiradas das vestes religiosas e da monarquia britânica, havia também as estampas – outra paixão do estilista – que vinham ora como reproduções das infâmes pinturas de Bosch, ora em versões digitalizadas de detalhes de madeira entalhada. O passado no presente. Nos pés, sapatos dourados. Nas cabeças, penachos em forma de moicano.
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Apesar de toda a precisão técnica, foi impossível não sentir o vazio. As últimas roupas de McQueen pareciam sem vida. Talvez exista de fato uma conexão muito forte entre o estado de espírito do criador e a cara de suas criaturas. Talvez Alexander estivesse mais focado em ostentar sua extrema habilidade técnica do que a sua verve teatral, superexposta nas coleções anteriores.
Essa coleção traz à tona muitas perguntas que dificilmente serão respondidas. A única certeza é clara: Lee Alexander McQueen deixou um vácuo que dificilmente será preenchido na moda.