A arquitetura de Lina Bo Bardi serviu de locação e inspiração para o desfile da Maria Bonita, que aconteceu na manhã da segunda-feira (18/01) no SESC Pompéia. Na coleção, apareceram tecidos que simulavam concreto vazado, pontos de lã que pareciam asfalto, e até um vislumbre das cores do MASP – um dos projetos mais importantes da arquiteta modernista. Estilistas de várias gerações, como Yohji Yamamoto, Hussein Chalayan e o brasileiro Francisco Costa fazem parte de uma corrente da moda arquitetônica.
O portal FFW foi atrás de quem entende dos dois assuntos para explicar essa delicada relação.
Alcino Leite Neto, da Folha de S. Paulo “Balenciaga e Niemeyer, pela sensualidade das formas. O vestido de noiva de Cristobal Balenciaga [o fundador da marca], de 1967, pode ficar ao lado da cúpula do congresso. Existe uma grande semelhança”.
Regina Martelli, editora de moda “Acho que Osklen nessa última coleção, e o Frank Lloyd Wright. Pelas formas, volumes, geometrias. Existe uma proximidade enorme na imagem”.
Vânia Toledo, fotógrafa “Issey Miyake é a pessoa que melhor pensa a arquitetura no corpo da mulher. [O arquiteto] Martinez Flores trabalha de maneira semelhante”.
Carlote Sabas, da Vogue Paris “Tem certeza que essa é uma boa conexão? [risos]. Pode funcionar, em casos como a Calvin Klein, que tem feito coisas incríveis e com forte influência do arquiteto Frank Gehry. A liberdade da Commes Des Garçons é interessante, mas acredito que os estilistas, assim como os arquitetos, devem manter um senso prático para as seus trabalhos”.
Paulo Martinez, editor de moda da MAG! “Oscar Niemeyer pela pureza das linhas. E a Commes Des Garçons pela liberdade total para trabalhar com as linhas”.
Regina Guerreiro, editora de moda “De arquiteto, Jean Nouvel. Ele é clean, não tem pretensão e trabalha com linhas atemporais. O estilista Pedro Lourenço é quem trabalha melhor com arquitetura no Brasil – nos seus últimos trabalhos para a grife de sua mãe, Gloria Coelho, ele trouxe uma forte inspiração de Niemeyer”.
Gloria Kalil, consultora de etiqueta “O Brasil sempre foi muito forte na arquitetura, era meio inevitável que a moda acabasse trazendo isso. A Gloria Coelho sempre se ligou na história da arquitetura, a Priscilla Darolt, que desfilou ontem, faz isso, mas com menos segurança. Até a Osklen deu uma guinada nessa direção. E foi um caminho certo”