Foi-se o tempo em que o termo sportswear (“roupas esportivas”) era usado somente para designar os trajes usados por atletas. Desde que os uniformes das mais variadas modalidades passaram a exercer extrema influência na moda – entre os Anos 70 e principalmente 80 (dominados por collants, leggings, moletons, polainas e bodies) – o estilo esportivo se tornou subjetivo.
Talvez por isso, o termo activewear foi aos poucos substituindo o sportswear no que diz respeito às roupas destinadas às atividades físicas. O sportswear agora se relaciona muito mais com o conceito de “esporte fino”, traduzindo praticidade e elegância “sem esforço” nas mais variadas ocasiões. É exatamente aqui que entra o Verão 2010, uma temporada marcada pela busca de simplicidade e sofisticação.
Apesar dos americanos serem os porta-vozes do sportswear, a origem do estilo nos remete à Europa. Gabrielle Coco Chanel (sim, a mademoiselle Chanel) introduziu os primeiros conceitos de trajes esportivos no prêt-à-porter, quando na cidade praiana de Deauville trocou a pompa das roupas femininas do começo do século 20 pela sobriedade do armário masculino. Inspirada pela simplicidade, pelo conforto e pela praticidade das roupas usadas por marinheiros e pescadores da região, criou o que ficou conhecido como o protótipo do sportswear. Mademoiselle Chanel disse adeus aos espartilhos e vestidos opulentos, apostando em peças moduladas, com formas soltas que proporcionavam mais liberdade de movimento.
Celine, Jil Sander, Bottega Venetta e Stella McCartney e o novo sportswear do Verão 2010 ©FirstView
Décadas mais tarde, por volta dos Anos 70, estilistas americanos como Ralph Lauren, Calvin Klein, Tommy Hilfiger e, posteriormente, Donna Karan, Claire McCardell e Liz Claiborne, adaptaram os mesmo conceitos de conforto e praticidade para criar um estilo que ficou intimamente ligado à moda e ao estilo de vida dos americanos.
À medida que consumidores se adaptam à uma nova realidade de mercado e consumo (em boa parte derivada da recente crise global), sua relação com roupa e moda é reavaliada. O consumo é cada vez menos guiado por emoções ou desejos, e cada vez mais consciente e inteligente. É nesse cenário que o sportswear surge como uma das macrotendências (ou “vontades”) mais urgentes e relevantes da temporada.
Muito além de uma peça básica, ou simplificada, estilistas de todo o mundo mostram que o sportswear de hoje cultiva uma relação muito próxima dos valores que pautam o comportamento de consumo da nossa sociedade. Na prática? Busque a inspiração nos vestidos texturizados da Calvin Klein, nas desconstruções da Jil Sander por Raf Simons, na funcionalidade e versatilidade de Stella McCaterney e Celine por Phoebe Philo. Em outras palavras são pequenos detalhes que tiram a peça do lugar comum, elevam-as a um patamar onde qualidade em materiais, corte, modelagem e design primoroso se unem agregando valor a roupa que mantém uma relação extremamente próxima com a vida dos consumidores.