É possível fazer moda consciente em fast fashion? Para Stella McCartney a resposta é: sim! A estilista britânica, que é uma das maiores defensoras da sustentabilidade na indústria do luxo, assina sua segunda coleção para a C&A brasileira com o firme propósito de “desacelerar o fast fashion”.
Em passagem relâmpago pelo Brasil para o pré-lançamento da linha, que chega às araras no dia 18 de novembro, Stella conversou sobre esse e outros assuntos com a imprensa nesta quarta-feira (05.11). Confira abaixo os melhores momentos da entrevista.
Trabalhar com a C&A e com o Brasil: A experiência foi incrível. A primeira coleção que fizemos juntos [em 2011] foi tão bem recebida que a gente resolveu repetir a dose.
Sobre a nova coleção para a C&A: Posso dizer que a coleção é “muito Stella”. Em cada uma das poucas colaborações que já fiz, o objetivo sempre foi levar nossa grife para uma quantidade maior de pessoas. E aqui temos um pouco de tudo o que nós oferecemos. São peças que vão muito bem do dia à noite, porque, como mulher, eu quero coisas assim no meu armário. Há alguns itens famosos, como o miracle dress e a calça de alfaiataria, que basta você colocar um salto e está pronta para a festa. A linguagem desta coleção tem tudo a ver com o que eu faço no ateliê da minha própria marca.
A mulher brasileira: Eu viajei muito quando era jovem, então tenho um olhar global. Por isso, eu não faço distinção entre a mulher do Brasil, de Londres e de Nova York. Mas este país é tão rico em cultura e tradições, e para mim a brasileira é cool e sexy. Elas sabem o que funciona quando o assunto é moda.
Sustentabilidade: Meus pais sempre foram cidadãos do planeta e levavam em consideração que todos nós vivemos e compartilhamos um único lugar. Além disso, eu cresci em uma fazenda no interior com muita consciência sobre as estações do ano e a natureza em geral. Sempre quis ser responsável também na moda e propor uma nova visão do luxo, como não usar couro ou pele. E isso acabou crescendo e hoje eu também não trabalho mais com PVC.
Parcerias entre marcas de luxo e fast fashion: É interessante porque, obviamente, eu busco levar as práticas da minha grife para todas as minhas colaborações, não apenas em relação aos materiais, mas também em termos de manufatura, entre outras coisas. E, quando se fala em fast fashion, todo mundo logo pensa em coisas descartáveis. Então, para mim, fazer coleções como esta para a C&A tem a ver com desacelerar o fast fashion pelo menos por um momento, para que o consumidor possa ter uma experiência diferente. As peças que estão aqui são atemporais, têm design e foram feitas com o melhor material possível para durarem muito tempo. E eu acho que as marcas de luxo e as celebridades que fecharem parceria com redes de fast fashion precisam ter isso em mente: a razão deles se unirem é desacelerar o fast fashion pelo menos um pouco, para que as pessoas possam fazer investimentos para a vida toda. Isso é muito importante para mim. Não dá para esperar ter só luxo no mundo. Vamos ser realistas. A indústria de fast fashion é grande e deve ser respeitada. O que não gosto é da cultura de usar e jogar fora. De você investir seu dinheiro e seis meses depois jogar a peça fora. Não importa quanto você pagou, tem que poder manter por mais tempo.
“Uma mulher criando para mulheres”: O que cada um usa reflete sua personalidade. Olho o que cada pessoa está vestindo aqui e fico imaginando cada uma. Também sou muito conectada com a moda que eu faço e, como mulher, adoro colocar uma calça e perceber que ela foi bem cortada. Penso em cada detalhe da roupa e o que ele pode transmitir. Então, como sou uma mulher criando para outras mulheres, quero que minha roupa também seja um reflexo do que eu sinto.
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