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    Diretor global da Calvin Klein Jeans, Kevin Carrigan comenta tendências e o mercado brasileiro
    Diretor global da Calvin Klein Jeans, Kevin Carrigan comenta tendências e o mercado brasileiro
    POR Augusto Mariotti

    Por Elis Martini

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    Kevin Carrigan em apresentação da Calvin Klein White Label ©Divulgação

    Há mais de quinze anos trabalhando na Calvin Klein, o britânico Kevin Carrigan comanda hoje uma equipe de duzentas pessoas espalhadas pelas Américas, Europa e Ásia. É dele a direção criativa global das linhas Calvin Klein Platinum Label, Calvin Klein White Label, Calvin Klein Jeans e Calvin Klein Underwear. De passagem pelo Brasil (ele vem ao país cerca de seis vezes por ano), Kevin conversou com o FFW sobre as tendências no mercado de jeans e o mercado brasileiro. Ainda revelou duas novidades: a chegada da linha Calvin Klein White Label, que oferece ready-to-wear, ao país e o lançamento do e-commerce da grife no Brasil.

    Quais as tendências mais fortes para o mercado de jeans nos próximos anos?

    Detectamos duas tendência principais. Uma é o “normcore”, que é um estilo mais boyfriend, largado, relaxado. Vi pessoas em Nova York usando, em Tóquio, em Londres e já vi chegando aqui no Brasil. Muitas amigas minhas estão vestindo modelos desse tipo, mais relaxados. E introduzimos um novo jeans, que chamamos de “girlfriend”. É como um jeans com a modelagem boyfriend, mas nas parte traseira ele se ajusta perfeitamente no corpo da mulher. Contorna perfeitamente as costas, mas na frente é mais relaxado, solto.

    E quanto à lavagem, aposto muito na clássica Calvin Klein dos anos 1990, a que Kate Moss e Mark Wahlberg usaram nas campanhas da época. É uma lavagem muito clara. Está todo mundo voltando aos anos 1990.

    Quanto aos jeans masculinos?

    Também tem uma silhueta mais relaxada, estamos nos afastando dos jeans skinny. A grande tendência da moda masculina é de roupas mais relaxadas, soltas, oversized. Acredito nessas tendências, especialmente para o verão. Agora as tendências para homens e mulheres andam juntas. Esse fenômeno é bem novo, começou nos últimos dois ou três anos. Eu adoro ver essa androginia e essa brincadeira entre os gêneros. Isso é muito Calvin!

    Como vocês fazem a pesquisa de tendências para os produtos?

    Sempre estou em um avião, 24 horas por dia, sete dias por semana. Venho para o Brasil seis vezes por ano. Para mim isso é parte de se conectar com as ruas, esteja você em Tóquio, Xangai, Londres, São Paulo, as pessoas são influenciadas pelos mesmos artistas, os mesmos filmes, o mesmo sentimento que está no ar. E elas transformam isso em estilo das suas próprias maneiras. Acho que a moda da rua está influenciando muito todo o ready-to-wear, não apenas o jeans. Isso permanecerá assim por um longo tempo. É muito legal quando a influência é reversa, não da passarela para a rua, mas da rua para passarela.

    Campanha da Calvin Klein White Label por Mario Sorrenti. ©Divulgação

    Campanha da Calvin Klein White Label por Mario Sorrenti ©Divulgação

    Há lugares especiais que vocês vão para pesquisar?

    Definitivamente Tóquio, Londres, Nova York. Toda a Ásia e o Japão têm uma influência muito grande na moda. A cena musical e artística de Londres também. Mas eu pesquiso em todos os lugares, eu sinto o clima das ruas de muitos lugares.

    A Calvin Klein tem campanhas icônicas como as de Kate Moss nos anos 1990 e Brooke Shields nos anos 1980. Como é ter que manter esse nível?

    É duro, claro, você sempre tem que estar pensando em algo novo. Acho que agora estão surgindo muitas tecnologias novas de tecidos, fusões entre as ruas e a moda esportiva. Sempre estamos pesquisando novas tecnologias, novas lavagens, novos tecidos. Mas o denim está sempre baseado no corte, no tecido, na tecnologia e no conforto. Então estamos inovando, mas mantendo o imaginário icônico da Calvin Klein.

    Fizemos um projeto recente com Lottie Moss e Michael Avedon, o neto de Richard Avedon, que fotografou a irmã de Kate Moss. Foi uma mini-campanha que lançamos no Instagram, nas mídias sociais, uma maneira legal de atingir uma audiência grande. Chamamos de Reissue 90’s Collection. No mundo do denim há um balanço entre tecnologias inovadoras e aura vintage. E acho que isso sempre acontecerá.

    Como vocês escolhem as modelos para as campanhas?

    Quando você faz um casting você trabalha e interage com a pessoa e tem uma hora que você pensa “nossa, essa é a pessoa certa”. E aí você faz mais trabalhos, é um processo muito orgânico. E já trabalhamos com tantas pessoas legais de vários países. Adorei quando trabalhamos com o jogador Oscar na Copa do Mundo. Trabalhamos com tantos rostos internacionais, a Liu Wen da China, a Lara Stone da Holanda. Sou muito sortudo de ter conhecido todas essas pessoas. E são escolhas que são atuais e certas para aquela geração de consumidores. Como foi a Brooke Shields nos anos 1980, Kate Moss nos 1990, Lara Stone, Natalia Vodianova. Sempre nos propusemos a entender o rosto de uma geração. E isso tem uma relação cultural muito importante, de sempre se ligar ao rosto do momento. É difícil, às vezes erramos, às vezes não dá certo. Trabalhamos com grandes fotógrafos como David Sims, Bruce Weber, Steven Meisel, Steven Klein. É uma mistura legal de influências na indústria da moda se juntando e sentindo o momento.

    Contabilizando todas as redes sociais em que está presente, a Calvin Klein tem mais de 40 milhões de fãs e seguidores. Como a marca usa as novas mídias para se conectar com o seu público?

    A campanha #MyCalvins, na qual as pessoas postam fotos de sua underwear no Instagram, foi um sucesso muito grande, conseguiu nos conectar internacionalmente de maneira imediata. É incrível ver como as pessoas usam o logo da underwear Calvin de tantos jeitos diferente. Eles usam em poses de yoga, na academia, de Tóquio ao Brasil. Acho o Facebook ótimo, mas o Instagram é muito mais importante para uma marca que lida com imagens e imaginário, ele vai mais longe em conectar. É uma mídia muito bonita e acho que ela está apenas começando, enquanto o Facebook daqui a pouco vai virar uma mídia do passado.

    Como é o mercado brasileiro para a Calvin Klein?

    O Brasil é um mercado muito importante, estamos aqui há mais de quinze anos com jeans, temos duzentos revendedores, mais de cem lojas. É jovem, cool, trendy. É ótimo trazer uma nova linha ao mercado, a White Label. As pessoas verão duas linhas diferentes: denim/lifestyle e ready-to-wear. O que será muito importante é diferenciar essas duas linhas. Demorará um pouco, os brasileiros nos conhecem por jeans e underwear, mas conhecerão nosso ready-to-wear. Há muitos ternos, vestidos, roupas de dia e de noite. É vestir as pessoas todos os dias, todas as horas.

    Quais as características particulares do mercado brasileiro?

    O consumidor brasileiro é muito sofisticado, conhece as tendências, está sempre online, é muito informado, todo mundo é conectado.

    E o lançamento do e-commerce aqui?

    É ótimo para todo o Brasil, porque é um país tão vasto do norte ao sul, tão diverso. Então esse lançamento é super importante para nós. É um período bom para o Brasil, vocês tiveram uma eleição, tiveram a Copa do Mundo e agora tudo está mais calmo.

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