Provando não estar imune à desaceleração dos mercados, a Prada anunciou esse mês uma queda expressiva nos lucros da empresa. Comparando os primeiros semestres de 2014 e 2015, a baixa chegou a 23%.
Em um anúncio que intrigou analistas e investidores, o grupo apresentou um plano de reestruturação que pretende aumentar preço e exclusividade de produtos. Essa diretriz foi definida a partir de uma pesquisa interna que revelou que as peças mais vendidas, e consequentemente mais lucrativas, eram aquelas que custavam acima de US$ 1.870. Bolsas acima dos US$ 2.200 também foram sucesso absoluto. Ao WWD, Patrizio Bartelli, CEO da grife e marido de Miuccia, disse que “produtos introduzidos do segundo semestre até o Natal certamente farão a diferença”, definindo-os como “mais luxuosos, detalhados e completos, algo muito especial e peculiar”.
Assim, quando a crise bate, o segmento de luxo faz o caminho inverso: em vez de reduzir os preços, aumentam.
Esse novo futuro apontado pela Prada lembra um pouco a estratégia de outras marcas de luxo, como a Louis Vuitton, que há dois anos anunciou uma mudança de imagem do incensado monograma, além da introdução de produtos mais caros e exclusivos, focados em um público mais seleto e endinheirado.
Mesmo após explicações sobre os planos e diretrizes da marca, alguns investidores e analistas continuaram preocupados com os resultados. Luca Solca, analista do gigante banco francês BNP Paribas, disse ao WWD que “ainda assim, uma renovação na imagem e nos produtos pode ser a essência que daria mais força ao momento de vendas”.
Donatello Galli, diretor financeiro da marca, vê o momento de maneira menos cética que os especialistas em finanças. “O mercado de luxo ainda é positivo, ainda que sofrendo muitas mudanças”, retificou. “No curto prazo, estamos revendo a maioria de nossos processos essenciais, adaptando e trabalhando nossos sistemas de distribuição e, ainda, melhorando o planejamento”.
No mundo do luxo, exclusividade sempre vendeu muito bem. O grupo LVMH viu seu quadro de quedas reverter após a introdução de novas linhas e tipos de couro na Louis Vuitton. A Dior, do mesmo conglomerado, tenta a cada estação criar produtos ainda mais exclusivos e com designs criativos e tentadores.
A nós resta acompanhar as próximas temporadas e ver as mudanças que Miuccia preparou baseada nas novas necessidades da marca. O que já era exclusivo, agora será topo de linha.