A influência de Alessandro Michele, o novo e até então desconhecido diretor criativo da Gucci, começa a ser percebida não só na passarela – onde apresentou sua primeira coleção feminina para o inverno 2015 europeu em fevereiro, depois da estreia no desfile masculino, um mês antes. O mix de referências com toque retrô geek, o decorativismo exótico com motivos da natureza e a maneira totalmente diferente de brincar com o guarda-roupa masculino no feminino não eram apenas uma proposta de estilo pontual de uma estação, mas uma nova atitude que veio para ficar, e, ao que tudo indica, revolucionar o estilo da Gucci.
A imagem dessa nova mulher já havia aparecido na campanha do inverno 2015 da marca. E quanta diferença para o discurso total sexy criado por Tom Ford e mantido por Frida Giannini numa versão mais comportada e fria. Agora, às vésperas do segundo desfile de Michele, que acontece na próxima quarta (23), na semana de moda de Milão, as lojas da grife começam a exibir o novo conceito, capitaneadas pelo endereço da luxuosa e milanesa Via Montenapoleone, reinaugurado na semana passada. Tapetes e poltronas de veludo vermelho e detalhes em azul pavão dão um glamour vintage ao espaço com chão de mosaicos de mármore e acabamentos de cimento e placas de metal, num contraste entre tradição secular, charme antiguinho e design contemporâneo. A ideia é que todas as lojas da Gucci no mundo passem por reforma, incorporando o “new look” da marca conforme a identidade de cada região. A próxima inauguração acontecerá no México, com uma loja totalmente nova, seguida de Nova York. Em São Paulo, no shopping Iguatemi, já dá para notar alguns dos elementos decorativos que indicam a “fase Michele” da Gucci, o que inclui também novas embalagens para as roupas e acessórios.
“Estou, dia e noite, tentando provocar uma pequena revolução dentro da empresa: criar uma outra linguagem, um jeito diferente de falar sobre a beleza e o conceito do ‘sexy’, que é uma palavra antiga. Hoje em dia, trata-se de sensualidade. Quando comecei a criar minha primeira coleção para a Gucci, estava pensando menos em termos de moda, mas em atitude”, resumiu o estilista de 42 anos, numa entrevista à Vogue America. Em poucos dias, acompanharemos mais uma batalha desta revolução, na passarela.