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    Após quase 3 anos, corte de Bangladesh vai julgar responsáveis pelo colapso do Rana Plaza
    Após quase 3 anos, corte de Bangladesh vai julgar responsáveis pelo colapso do Rana Plaza
    POR Camila Yahn

    Após mais de dois anos, a corte de Bangladesh confirmou que vai julgar culpados 41 pessoas por assassinato pelo colapso da fábrica de roupas Rana Plaza, que caiu em abril de 2013 matando 1.135 trabalhadores e machucando mais de 2 mil. Lá são produzidas roupas para marcas de fast fashion, como a Primark, primeira empresa a admitir responsabilidade e providenciar ajuda.

    O dono da fábrica, Sohel Rana, estava escondido e, assim como os outros 40, podem pegar prisão perpétua.

    O prédio foi construído mesmo sem ter as licenças necessárias de segurança e oficiais do governo sabiam que a estrutura não estava de acordo com as normas de construção tampouco o procedimento de evacuação. Os donos também sabiam que o lugar era inseguro e ainda assim recebia milhares de trabalhadores todos os dias. Pior: uma rachadura séria foi vista um dia antes, mas supervisores afirmaram que o local estava seguro após uma vistoria e mandaram as pessoas voltarem no dia seguinte, com ameaças de que perderiam seus empregos.

    O grupo The Alliance for Bangladesh Worker Safety anunciou em 2015 que estava providenciando financiamento para as fábricas de roupa de Blangadesh para ajuda-las a lidar de forma correta com incêndio e problemas elétricos e de estrutura.

    Foi necessária uma grande tragédia para que mudanças comecem a acontecer no segmento de produção de fast fashion. A notícia foi capa de jornais mundo afora, destacando os absurdos que envolvem esse trabalho, como falta de segurança e direitos, salários baixíssimos e alta burocracia.

    Assim, a atitude começou a mudar em relação a questão da ética na moda. Atrizes como Emma Watson e Cate Blanchett estão entre as celebridades que falaram sobre o assunto em diversas ocasiões. Emma focou em seu público adolescente pedindo que repensassem seus hábitos de consumo. “Comprar com consciência tem a ver com escolhas. Você tem a opção de comprar algo por € 1 que tem o potencial de deixar 15 crianças cegas devido a uma linha de produção desumana. Precisamos mudar a forma como consumimos moda. E quanto mais pessoas aderirem, mais conseguiremos fazer uma mudança coletiva”, diz Blanchett.

    O ótimo documentário The True Cost também fez barulho por mostrar com profundidade os esquemas dessas fábricas e a vida de seus trabalhadores. O filme está em cartaz no Netflix.

    As ativistas Carry Somers e Livia Firth declararam 24 de abril como Fashion Revolution Day, pedindo que neste dia as pessoas usem suas roupas ao contrário. “Queremos que as pessoas tenham consciência de que não estamos vestindo somente uma roupa bonita, mas toda uma cadeia de valores e relacionamentos”, diz Somers. “Como consumidoras, queremos que as coisas fiquem um pouco mais devagar. Nos preocupamos com a forma como nossas roupas são feitas, onde e por quem”, completa Firth.

    O FRD virou uma plataforma para que as marcas mostrem o que estão fazendo de positivo neste sentido. Livia termina com um bom exemplo: “Se imaginarmos que estamos votando todas as vezes em que compramos algo, então as coisas podem mudar”.

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