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    Alta-costura: obsoleta ou mais necessária do que nunca?
    Desfile de alta-costura de Giambattista Valli para o Inverno 2016, em Paris
    Alta-costura: obsoleta ou mais necessária do que nunca?
    POR Redação
    Giambattista Valli, alta-costura, Inverno 2016 (julho de 2015)

    Giambattista Valli
    Alta Costura- Inverno 2016 – Julho/2015

    Em tempos hipermodernos, em que roupas podem custar menos do que uma xícara de espresso (vide camisetas a US$ 4 na H&M), a indústria do prêt-à-porter se modernizou ao ponto de replicar técnicas sofisticadas de bordados, brocados e aplicações com aspecto luxuoso em grande escala, o fast fashion democratizou a informação de moda e acelerou sua oferta enquanto o high fashion luta para mostrar o seu valor num mercado em crise, ainda há espaço e função para a alta-costura?

    Há alguns anos, o setor mais exclusivo e caro do mundo da moda tem sido questionado. E a cada início de temporada de Haute Couture de Paris – a próxima, para o Verão 2016 começa neste domingo (24.01) – a pergunta volta à tona.

    Com uma cartela e clientes – ou colecionadoras – de cerca de 4 mil mulheres no mundo, regras rígidas estabelecidas pela Câmara Sindical de Alta-Costura francesa, que exige um ateliê com pelo menos 20 funcionários contratados o ano inteiro, duas apresentações anuais com o mínimo de 75 looks exibidos no total, processo quase 100% feito à mão com milhares de horas de trabalho para a confecção de uma peça cujo preço começa em algumas dezenas de milhares de dólares no caso de looks diurnos e chega fácil a centenas de milhares de dólares no caso dos vestidos de noite, a alta-costura é, de fato, um luxo para pouquíssimos. Protegida por lei, a nomenclatura só pode ser usada pelos aprovados pela Câmara Sindical de Alta-Costura, que recebem o título de casa de haute couture pelo ministro francês das Indústrias. Hoje, há 14 membros oficiais entre maisons tradicionais como Dior e Chanel e novatos como Alexandre Vauthier, Bouchra Jarrar e a chinesa Yiging Yin (recém-aprovada para o seleto time, em dezembro passado), além de sete membros correspondentes (Giorgio Armani e Alaia na lista) e 22 estilistas convidados.

    + Alta-costura: o que é, quanto custa, quem faz e quem compra

    + Novos nomes aprovados pela Câmara Sindical de Alta-Costura

    Bernard Arnault já disse que a alta-costura não dá dinheiro. Ela, sim, é uma excelente vitrine. Provoca desejo quando usada em tapetes vermelhos por celebridades como Jennifer Lopez (de Giambattista Valli Couture), Lady Gaga (Atelier Versace) e Kirsten Dunst (Valentino Couture) no Globo de Ouro deste ano. Também aumentou o alcance de suas imagens graças à velocidade da divulgação de seus looks na internet, replicados nas mídias sociais. Com a globalização, suas consumidoras vêm de vários países, com aumento do número de mulheres do Oriente Médio e da Ásia. As vendas têm crescido de 20% a 30% (dados, respectivamente de Chanel e Valentino, referentes a 2014, segundo o WWD) de alguns anos para cá, o que explica cenas como a do documentário “Dior e Eu”, em que a costureira chefe da haute couture abandona Raf Simons em pleno processo de confecção de seu primeiro desfile para a maison para pegar um avião e atender uma cliente internacional (as vendas de alta-costura da Dior também cresceram sob a batuta de Simons).

    Acima de todos esses argumentos, porém, há um fato maior. O prêt-à-porter de luxo não é mais o mesmo, o que torna a existência da alta-costura não só aceitável, mas necessária. Foi-se o tempo em que as marcas de ready to wear dedicavam às passarelas coleções superconceituais e deixavam para as lojas os desdobramentos comerciais. Hoje, os clientes assistem ao vivo às apresentações, olham cada look detalhadamente pela internet, o que exige que aquela roupa, tal qual foi apresentada, esteja disponível para compra. Não há mais tempo nem espaço para apresentar uma peça muito diferente do que será vendido e pedir que o comprador tenha paciência: aquela é a imagem conceito, a essência criativa da coleção elaborada pelo estilista, daqui a alguns meses ela será digerida e transformada em outra roupa, não essa que você viu, mas algo extremamente desejável e com qualidade semelhante, só que com o conceito mais diluído para ser usada na vida real.

    A aproximação entre cliente final e desfile de passarela mudou a forma de criar e apresentar as coleções de desfile, e isso não necessariamente é ruim. Mas sobrou menos espaço para as experimentações radicais, para os arroubos de sonho e fantasia, para o luxo desmesurado e deslumbrante. E é aí que a alta-costura entra e se faz útil. “A alta-costura é o que dá ao nosso negócio a essência primordial do luxo. E é onde colocamos em prática nossas ideias”, diz Arnault. E são essas imagens e ideias, no final, que vão ajudar a moda a girar e os consumidores a devorarem, com vestidos de sonho na cabeça, batons, bolsas e perfumes que carregam um pouco da aura e o mesmo nome da marca.

    A seguir, veja o calendário de desfiles da semana de alta-costura de Paris para o Verão 2016 (horário de Paris).

    DOMINGO – 24.01
    21h – Atelier Versace

    SEGUNDA – 25.01
    10h – Schiaparelli
    11h – Schiaparelli (segunda apresentação)
    12h – Dice Kayek
    12h30 – Tony Ward
    13h – Antonio Ortega
    14h30 – Christian Dior
    17h – Christian Dior
    18h – Dany Atrache
    18h30 – Ralph&Russo
    19h30 – Giambattista Valli
    20h30 Alexis Mabille

    TERÇA – 26.01
    10h- Chanel
    11h – Aouadi
    12h – Chanel (segunda apresentação)
    12h30 – Patuna
    13h – Bowie Wong
    13h – Yanina Couture
    13h30 – Bouchra Jarrar
    14h30 – Stéphane Rolland
    15h30 – Georges Chakra
    16h – Julien Fournié
    17h – Yiqing Yin
    18h – Giorgio Armani Privé
    19h30 – Alexandre Vauthier
    20h – Maison Anoufa

    QUARTA – 27.01
    10h – Maison Margiela
    11h – Franck Sorbier
    12h30 – Elie Saab
    13h30 – Ilja
    14h30 – Jean Paul Gaultier
    16h – Viktor & Rolf
    17h – Ulyana Sergeenko
    17h30 – Ludovic Winterstan
    18h – Romain Brau
    18h30 – Valentino
    19h30 – Zuhair Murad
    20h30 – Guo Pei

    QUINTA – 28.01
    10h30 –  BOUCHERON, CHANEL JOAILLERIE, CHOPARD, DE BEERS (alta joalheria)

     

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