Costanza Pascolato não tem uma assistente full time, nem dessas que fazem tudo a toda hora, na linha Emily, do filme “O Diabo Veste Prada”. Não à toa ela é a nossa “papisa” da moda brasileira, dando, aos 76 anos, lição de atitude contemporânea nas relações de trabalho, cada vez mais independentes e horizontais. “Sou uma consultora, então a cada trabalho tenho, mais do que um assistente, uma equipe. A Luiza é a minha assistente em tudo o que diz respeito ao digital, no meu trabalho no Shop2gether“, conta.
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Formada em jornalismo, Luiza, 27 anos, foi quem, segundo Costanza, a introduziu à plataforma online, “à blogosfera”. “Ela é supereficiente, tem competência e profissionalismo raros de se encontrar hoje. E é carioca. O fato de não ser paulista já me ensina muito, me passa essa leveza do ‘carioquês’, essa influência no lifestyle brasileiro que vem do Rio. Porque nós, paulistas, somos o pólo industrial, o estilo de vida vem deles.”
Costanza também elogia o engajamento de Luiza. “Ela é militante da causa black da maneira mais sofisticada possível.”
A seguir, leia a entrevista com Luiza Brasil sobre seu trabalho ao lado de Costanza.
Como e quando você se tornou assistente da Costanza?
Tudo começou em 2012, graças ao Shop2gether. Ana Isabel de Carvalho Pinto, co-fundadora do e-commerce, teve a ideia de trabalhar e patrocinar os canais online da Costanza, afinal, ela é um dos maiores ícones da moda nacional e não tinha nenhuma entrada no universo digital. Inicialmente, eu comecei como o Atendimento do projeto. Com o passar do tempo e a evolução do trabalho, além de cuidar do site, falando com os programadores, designers e outros envolvidos, comecei a explicar para a Costanza o passo-a-passo desse universo da blogosfera e começamos a falar também sobre postagens. Assim que o site foi ao ar, em março de 2013, ela me fez o convite para começar a cobrir as semanas de moda brasileira e daí não paramos mais.
O que você tinha que fazer no início?
No começo, era responsável pela parte mais operacional: inserir as postagens na plataforma, colocar os posts no Instagram e fazer a ponte entre ela e os leitores/admiradores, cuidando do e-mail do site. Mesmo ligada a essa parte mais técnica, ela me ensinou muita coisa e contribuiu muito para o meu crescimento.
Quais são suas funções e como é sua rotina hoje, como assistente dela?
Hoje em dia, além de ser espécie de “suporte online” para o site e redes sociais, ajudo na cobertura de fashion weeks colaborando com os textos, ajudo na organização da agenda para ações que remetam ao site e sou “facilitadora” do contato dela com alguns veículos e empresas, pois apesar de não ser assessora dela, se tornou algo inevitável.
O que que te atraiu para essa área? Foi algo que sempre te interessou?
Além de estar com a Costanza e aprender diariamente com ela, sempre amei atuar com jornalismo de moda. Gosto de escrever, fazer análises, traduzir as tendências das passarelas e entender a relação com a sociedade e os contextos históricos. Para isso, a “papisa” é a pessoa perfeita, pois embarcamos nas mais loucas “viagens” para interpretar esses códigos e extraímos conclusões fantásticas!
O que você aprendeu com a Costanza?
Aprendi que para trabalhar com moda não dá para ter preconceitos. Você precisa transitar! Ter habilidades para falar tanto com o milionário dono de uma rede de shoppings quanto com a equipe responsável pela limpeza de um evento é essencial. Falar de igual para igual é uma qualidade para poucos. Entender moda é entender as pessoas e suas necessidades.
Qual foi o projeto mais desafiador e/ou gratificante que você fez desde que trabalha como assistente dela?
Sem dúvidas, foi ser coordenadora de jornalismo da reedição do seu livro “O Essencial”. A Costanza confiou toda a produção do projeto para uma turma bem jovem, pois ela sempre acredita no “frescor” do nosso olhar. Durante esse período passei por desafios importantes como ter um deadline enxuto, estabelecer parcerias para promover a publicação e entrar em contato com os “headquarters” de marcas relevantes como Céline e Alexander McQueen.
Qual o conselho você daria para pessoas que estão interessadas em fazer o que você faz? Quais habilidades essa pessoa precisa ter?
Entender que trabalhar com moda não se resume a ler publicações e estar somente em eventos ligados ao segmento. Temos de ter um olhar multidisciplinar, saber que assuntos como artes, economia e política interferem diretamente no que você veste e sempre valorizar o diálogo e experiência do outro, pois isso gera empatia – algo que ainda está em construção no mundo da moda.