Quando Rony Meisler decidiu deixar seu cargo numa empresa multinacional para empreender, seus amigos e colegas de trabalho acharam a ideia fantástica. Quer dizer, isso até ele dizer que o empreendimento seria uma marca de moda masculina. “’Homem não compra roupa’ foi a frase que eu mais escutei quando comecei”, conta o CEO da Reserva ao FFW. Realmente, empreender na indústria da moda brasileira não é tarefa fácil, no segmento masculino, então, o caminho pode ser ainda mais tortuoso. Com o objetivo de fomentar a moda masculina brasileira, a Reserva uniu-se à GQ Brasil para identificar e lançar no mercado os próximos criadores do nicho através do Prêmio Novos Talentos.
Pessoas físicas e jurídicas (empresas abertas entre um e cinco anos) de todo o Brasil podem participar, inscrevendo-se gratuitamente no site oficial da GQ Brasil entre 10.04 e 19.05. Contanto que a marca não tenha loja própria nem tenha desfilado em semanas de moda de cobertura nacional, basta ter algum material fotográfico que ilustre o trabalho (fotos de apresentações, lookbooks) e apresentar o projeto com proposta, conceito, etc (mais infos aqui). A escolha dos candidatos será dada em duas etapas e comandada por um júri convidado que conta com Ricardo Cruz, diretor de redação da GQ Brasil; Sylvain Justum, editor de moda da GQ Brasil; o alfaiate Alexandre Won; o gerente criativo da Reserva Igor de Barros; o diretor de moda Giovanni Frasson; e Augusto Mariotti, diretor de conteúdo da Luminosidade, empresa responsável pelo SPFW.
Inicialmente serão escolhidos dez finalistas (anunciados em 31.05) para uma série de testes e, então, em 26.06, dois nomes serão premiados com a oportunidade de desenvolver suas coleções na Malha, plataforma de criação e produção de moda colaborativa com sede no Rio de Janeiro e coordenação de André Carvalhal. As coleções-cápsula criadas lá durante um período de quatro meses serão apresentadas num editorial especial na edição de março/18 da GQ Brasil, mês em que também acontece um desfile das marcas da dupla vencedora. A partir de abril do próximo ano, as peças serão vendidas no e-commerce da Reserva e em um corner nas principais lojas da marca.
“’Mas você vai criar concorrentes para a Reserva?’ Se a Reserva chegou até aqui foi por todas as qualidades que a marca tem, claro, mas também porque estamos sozinhos no mercado”, explica Rony, durante o almoço de lançamento do concurso, no Rio. “Quando essa concorrência é pensada de maneira sustentável, você cria um mercado maior e todo mundo ganha com isso. A gente quer criar um ecossistema de moda masculina forte no Brasil. Queremos dizer que homem compra roupa, sim!”.
Para movimentar o mercado dessa maneira, o prêmio se propõe a ajudar os vencedores a construir um negócio. “O objetivo não é só selecionar e dar voz e mídia a novos talentos da moda. É dar a eles tudo o que precisam para que possam se desenvolver no mercado. A gente espera que seja um daqueles projetos que não acabam nunca”, diz Daniela Falcão, diretora-geral das Edições Globo Condé Nast.
“Um erro que nosso mercado de moda cometeu nos últimos anos foi ter pensado em descobrir novos talentos, mas sem fazer um acompanhamento, sem dar a eles suporte comercial”, comenta ainda o editor de moda da GQ, Sylvain Justum. “Não há vergonha em ser comercial. A gente quer, sim, inovação, criatividade, versatilidade, algo diferente do que existe hoje, mas se não houver um tino comercial para fazer a coisa acontecer, em nada adianta ser criativo. Espero que essa experiência com os vencedores dê base e sustentação para que eles tenham uma marca que funciona, que vende, que se expande”.
A GQ vai cobrir todas as etapas do concurso em seu site. A partir da seleção dos 10 finalistas até a conclusão das coleções, serão transmitidos aos poucos episódios online à la reality show para que o público acompanhe de perto os desdobramentos do projeto. Já que o Prêmio Novos Talentos GQ Reserva será anual, a ideia é que com essa abordagem mais pessoas sintam-se desafiadas a arriscar uma carreira na moda masculina.
“A expectativa a curto prazo é descobrir como essa galera mais jovem pensa moda masculina. É uma geração que não se limita mais por gênero, que não liga mais para estação ou desfiles. Acho que vamos aprender muito com eles e eles com a gente. A longo prazo, além de ver esses vencedores vingando no mercado, que é nossa prioridade, queremos que o prêmio estimule quem tem alguma vontade de fazer moda masculina, ou quem ainda nem decidiu se vai estudar moda, a correr atrás disso”, diz ainda Sylvain. “Eu realmente espero que lá na frente a gente perceba que conseguiu criar uma engrenagem”.
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