A Modem, dos estilistas Samuel Santos e Andre Boffano, fez sua estreia no SPFW com apenas três anos de marca. Essa realização mostra além do talento, o foco dos meninos em se profissionalizar cada vez mais. O FFW conversou com André pouco tempo antes do desfile começar.
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Vocês estão desfilando verão ou inverno?
Verão 2019. As roupas chegam daqui 4 ou 5 meses.
Quando a gente se conheceu, há uns dois anos, vocês estavam mostrando a primeira coleção em um showroom, bem no início da marca.
Este mês a Modem completou três anos.
E como foi em pouco tempo traçar esse caminho de uma marca muito nova a estrear no SPFW?
Aprendemos muito e desde o início sempre tentamos trabalhar um lado muito profissional pensando numa mulher real, apesar de a gente ter um trabalho autoral. Tanto que tudo o que está no desfile, será vendido depois. Desde então amadurecemos muito e entendemos quem é nossa cliente. No começo a gente pensava numa mulher como cliente, mas na verdade a gente nem tinha uma cliente ainda. Hoje já sabemos quem é essa consumidora.
Quem é?
É uma mulher que gosta de arte, de design, que não busca só uma label e entende o cuidado que a gente tem com a roupa, os detalhes que colocamos nas peças e o preciosismo que temos com a matéria prima. Acima de tudo, é uma mulher que busca uma roupa versátil. É isso o que buscamos na Modem e no nosso trabalho na Bob Store (André e Sam são diretores criativos da marca há quase um ano).
Deve estar sendo um grande aprendizado trabalhar em uma empresa grande e comercial.
Tem sido muito bom, estamos conseguindo entender o mercado cada vez melhor.
Vocês usam a estrutura da Bob Store pra produzir a Modem?
Não, são coisas separadas. É uma troca muito interessante porque a gente acaba convivendo com números, vendo o dia a dia das lojas, todos os detalhes. E acho que até nossos clientes de multimarcas vêm percebendo esse amadurecimento da Modem como marca.
Quais atributos estéticos vocês relacionam com a Modem?
Continuamos com trabalho forte no industrial, nos metais, nos bordados, nas curvas, no organic clean, que é um termo que inventamos para o shape pra marca. No início as pessoas falavam que éramos minimalistas, mas a gente não tenta ser minimalista. Tentamos trabalhar em cima de detalhes, o que pode levar a marca ser percebida como uma roupa mais simples, mais limpa, mas não por isso minimalista. O minimalismo acaba tendo uma conotação de androginia, que não é o que a gente busca. Inclusive vocês podem ver que estamos com uma mulher bem colorida e feminina.
O que inspirou vocês nesta coleção?
Essa coleção tem influência do Memphis (estúdio italiano que revolucionou o design nos anos 80). Tudo foi pensado nas cores e nos shapes; é uma cartela bem mais extensa que o comum. E usamos o nosso lado industrial também com os metais através de aplicações. Apliquei duas mil argolas em uma saia, por exemplo, um trabalho super manual.
Você tá nervoso?
Não! Estou mais cansado do que nervoso! Terminei de colocar algumas das argolas por volta das 6h da manhã. O trabalho está feito e confiamos muito no que estamos propondo.