Se você pudesse se livrar de suas obrigações e começar uma vida nova, como ela seria? Foi com esse questionamento, tão contemporâneo e pertinente, que Rafael Varandas planejou a coleção de Inverno 18 da Cotton Project. “Tenho lido muito sobre a ‘neuroplasticidade’, uma capacidade que o neurônio tem de se modificar completamente, em curiosidades fatídicas, como por exemplo, a reprogramação do nosso cérebro”, explicou Varandas.
O desfile da Cotton colocou para fora todas as ansiedades de Rafael e de seu público jovem. Em um momento tão rico culturalmente e tão efêmero socialmente, os questionamentos existenciais se perdem em meio ao caos urbano e no anseio por soluções que os jovens buscam para definir seus propósitos.
O resultado é um universo aspiracional na fuga da cidade grande para o campo, longe da constante pressão e falta de tempo.
Tons de terra em calças de carpinteiro, botas com solado trator e pijamas, tudo na passarela remeteu a um tempo que não está aqui. Até na trilha, feita ao vivo por Marcelo Gerab, sentia-se o desprendimento de obrigações e regras para criar um universo particular.
De seus estudos profundos sobre o propósito, Rafael dividiu dez ensinamentos que mapearam a coleção e os caminhos que ele segue com a marca que amadurece junto com ele:
1. O que acreditamos ser libertador pode acabar se tornando fundamentalmente restritivo;
2. É impossível se livrar da ansiedade, mas você pode mudar a forma na qual se relaciona com ela;
3. A demanda por variedade é mais opressiva que a continuidade;
4. As pessoas são mais felizes quando estão em busca de algo que ainda não alcançaram;
5. A natureza não dá saltos;
6. A ilusão do individualismo pode mitigar o poder do coletivo;
7. Seja positivo, seu estado emocional dá forma às suas percepções, pensamentos e memórias;
8. A insegurança é um sistema de controle social usado pelo capitalismo;
9. O futuro é vegetariano;
10.A tecnologia, quando usada em equilíbrio, pode ser incrível.