Enquanto fazia styling para desfiles e trabalhava como editora de moda da Vogue Brasil vestindo Gisele, Rihanna e Naomi Campbell, Yasmine Sterea estava, ao mesmo tempo, mergulhando em um projeto maior e que nasceu após três anos de pesquisas e testes.
A nova empreitada de Yasmine chama-se Free Free, uma plataforma ancorada em uma ressignificação para a moda, que usa a roupa como forma de expressão e auto-conhecimento. Entre muitas frentes, o projeto convida mulheres vítimas de violência doméstica e de outros abusos a reconstruírem sua própria imagem da forma que acharem melhor, buscando uma conexão mais profunda com si própria.
Mal nasceu, o Free Free tem movimentado as redes, com personalidades como Alexandra Loras e Sabrina Sato postando sobre o projeto. O nome por si só já é muito legal e fácil de guardar. Yasmine parece estar usando em si própria a mesma liberdade que propõe – até mantras empoderadores ela começou fazer!
Em uma conversa com o FFW, Yasmine conta como tudo começou, os desafios e as alegrias de transformar a moda em ferramenta para a liberdade.
Quando e como surgiu o seu projeto?
Foi há uns três anos, quando fui morar em Londres. Foi uma fase em que estava pesquisando coisas espirituais, estudando psicologia e comecei a fazer esse estudo entre moda e neurolinguística, moda e psicodrama. Londres tem esse lado de liberdade e expressão… Esse processo acabou resultando em um trabalho de três anos que nos fez chegar até aqui.
O Free Free já tem muitos apoiadores. Quais são as virtudes que ele tem que o faz ecoar em tantas pessoas diferentes?
Acho que ele tem algo que fala com todos porque fala sobre a essência de cada um. É sobre: quem é você? Qual a sua identidade? Isso atinge a todos porque normalmente a moda é o contrário, ela tende a botar regras e limites, o que é certo e errado. Mas quando você está conectado com você mesmo, ela vira essa grande ferramenta de expressão.
Quais os maiores desafios que você teve na criação e organização do projeto?
É uma coisa nova e no início foi difícil explicar, estruturar e achar sentido. Fizemos muito testes, pilotos dos workshops, conversamos com muita gente. Foi um processo longo. Até que chegamos no início deste ano e tudo estava mais redondo e fazendo sentido pra mim e pra minha equipe. Aí automaticamente ficou fácil pras pessoas entenderem. Mas o processo todo anterior, o esforço que fizemos pra não ficar algo banal… Esse foi o desafio. Foram dois anos de muita pesquisa, execução e teste até dar certo.
Em quais áreas ele é ativado?
Em todas! Redes, site, youtube, spotify, instagram, facebook. É também uma plataforma que incentiva jovens artistas e estudantes. É importante os alunos saírem da universidade e terem um espaço para se colocar, para mostrar seu talento. Falamos de moda, mas também muito sobre se expressar através da criatividade. Estamos trabalhando com alunos de arte, moda e audiovisual para que o Free Free se solidifique como essa plataforma.
Também fazemos workshops em parceria com o Núcleo de Gênero do Ministério Público e fazemos palestras em empresas que abordam temas como expressão pela moda, identidade e confiança. No final do ano que vem vamos lançar um documentário dirigido pela Joana Mariani, que fez um doc chamado Marias e acabou de lançar o filme Todas as Canções de Amor, com Marina Ruy Barbosa e o Bruno Gagliasso. Ela tem uma pesquisa grande sobre as mulheres, além de muita sensibilidade e um olhar especial pro feminino.
Vi que você faz até mantras!
Estou há uns dois anos estudando muito meditação, yoga etc. Tentando trazer isso pra minha vida. E de fato é uma grande ferramenta. Aí conversei com um amigo meu que é compositor e que entende de frequências de energia e criamos a música dessa meditação com inspiração brasileira.
E que você tem feito profissionalmente além do Free Free?
Tenho meu estúdio, YS Creative Studio, em que fazemos consultoria, direção criativa, styling e Instagram. Através desse trabalho, eu ofereço serviço completo de moda e imagem. Fora isso, também faço direção artística pra projetos especiais da Vogue Brasil.
A gente falou dos desafios que aparecem para a criação de um projeto como esse, mas e as alegrias?
ver a alegria e a emoção das mulheres que participam dos workshops foi emocionante e especial. Talvez tenha sido um grande gatilho pra elas acharem esse feminino, ressignificar traumas, achar forças através da moda. Vimos vários relatos lindos dessas experiências. Encontrar um sentido pra moda e ver que existe uma ferramenta transformadora tem sido gratificante.