O Festival de Hyères anunciou há pouco os vencedores de sua 34 edição. A premiação foi fundada em1986 por Jean-Pierre Blanc para apoiar jovens designers de moda e acessórios e novos fotógrafos e é considerada uma das iniciativas mais sérias, funcionando muitas vezes como uma catapulta de novos profissionais ao mercado.
Nesta edição, a diretora criativa da Chloé, Natacha Ramsay-Levi, foi a presidente do Júri. Também faziam parte do corpo de jurados a stylist Camille Bidault Waddington; a dupla Michael Amzalag e Mathias Augustiniak, do estúdio M/MParis; modelo Liya Kebede, a editora da revista System Alexia Niedzielski; e a dupla Rushemy Botter and Lisi Herrebrugh, que venceu o prêmio no ano passado e hoje está na direção criativa da Nna Ricci, entre outros participantes.
O principal prêmio é o Grande Prêmio do Júri Première Vision e quem venceu foi o austríaco Christoph Rumpf, de 25 anos. A premiação inclui 20,000 euros oferecidos pela Première Vision, uma colaboração com a Chanel Métiers d’art, um desfile na semana de moda de Berlim, uma colaboração com a Petit Bateau com recebimento de royalties e uma visita ao prédio da Swarovski e aos arquivos da marca na Áustria.
Rumpf mostrou uma coleção masculina (mais uma boa marca masculina surgindo) chamada Sans Titre (Sem Título), com silhuetas super estruturadas que vem de seu interesse por arquitetura. O designer chegou a fazer um ano de arquitetura na faculdade, mas trocou por Artes Aplicadas na Universidade de Viena, onde ainda estuda.
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A maior parte de sua coleção é feita a partir de materiais reciclados e é a estrutura das roupas o princípio fundamental de seu trabalho. A coleção mostra a evolução de um príncipe que cresceu exilado na selva. Há jaquetas acolchoadas internamente para trazer um efeito mais rígido, como se fosse uma armadura, inteiramente feita de tapetes persas de segunda mão. Rumpf também mostrou um impressionante casaco superdimensionado com ombros esculpidos, elevando o príncipe pelos estágios sua vida, o último deles, a liberdade.
Uma das peças inclusive nos remete ao trabalho de Craig Green, que o estilista diz ser uma de suas maiores influências ao lado de John Galliano. Ele explora volumes amplos e proporções exageradas, esculturais, casacos acolchoados, sempre com uma ênfase no storytelling e escapismo para, literalmente, escapar da monotonia do prêt-à-porter tradicional masculino. “Sempre gostei de criar histórias em torno das minhas coleções e ter um personagem para cada look. Sei que as pessoas da indústria detestam a palavra ‘figurino’, mas nunca entendi o por que”, diz ao site da Indie Mag.
Outros vencedores
Prêmio Chloé: Tina Schwizgebel-Wang
A designer venceu com um look criado especialmente para o prêmio, inspirado pelo espírito da marca parisiense.
Prêmio Métiers d’arts: Róisín Pierce
Primeira edição deste prêmio entregue pela Chanel reconhece a melhor colaboração ente um estilista e um dos dez ateliês doMétiers d’art. A designer irlandesa Róisín Pierce venceu por sua colaboração com a marca de chapéus Maison Michel.
Menção Honrosa do Júri: Tetsuya Doi, Yota Anazawa e Manami Toda
O trio japonês venceu por sua coleção feminina chamada Polomani.
Acessórios
Grande Prêmio do júri Swarovski: Noelia Morales
A designer espanhola venceu com uma coleção de lingerie que funciona como acessório para mulheres que precisaram fazer mastectomia após um cancer de mama. Morales ganhou 15 mil euros da Swarovski e 20 mil euros da Chanel.
Fotografia
O fotógrafo Craig McDean foi o presidente di júri, que também contou com nomes como Patrick Li, Guinevere Van Seenus e Patrice Haddad. Quem venceu o Grande Prêmio foi Alice Mann, que recebeu uma doação de 20 mil euros da Chanel. Hubert Crabières ganhou o prêmio oferecido pela marca American Vintage, e a finlandesa Hilla Kurki ganhou o prêmio de fotografia still e 5 mil euros.
Sarah Levy venceu o prêmio do público na categoria de Acessórios com sua coleção de couro chamada Creatures of Habit.