Por Rodolfo Vieira
Foi dada a largada, na terça-feira (15), para a série de atividades da programação do Projeto Estufa no SPFW N48. No primeiro dia de desfiles no Pavilhão das Culturas Brasileiras, a economista e fundadora da plataforma “O futuro das coisas”, Lilia Porto, desembarcou na cidade para conduzir a primeira masterclass em torno do futuro – temática que norteou a maioria das discussões que aconteceram durante todo o evento e trouxeram jovens e renomados nomes da indústria criativa.
Com o propósito de aquecer o diálogo sobre o futuro do mercado de trabalho, Lilia despertou reflexão no público ao colocar em xeque o regime e a oferta atual de trabalho no futuro, uma vez que, segundo a economista, a automação transformará (e substituirá) cada vez mais as relações humanas. No entanto, não trata-se de uma visão pessimista diante ao que está por vir. “A consultoria McKinsey, por exemplo, aponta que, hoje, 15% dos brasileiros estão desempregados, e nos próximos 15 anos, mais 15% terão seus trabalhos deslocados [desempregados] em decorrência da tecnologia”, pontua. “O meu trabalho não é gerar insegurança, mas mostrar que, sim, há a capacidade de nós mudarmos esse futuro e de traçarmos já rotas para futuros melhores.”
E é nessa linha que Gustavo Nogueira, fundador da Torus, guiou a segunda masterclass “Zeitgeist: Inteligência Temporal” com o questionamento: “Como é a sua relação com o tempo?”. Repleto de referências bibliográficas, o talk de Gust foi um dos mais interessantes desta terça-feira ao aproximar o público da compreensão do espírito do tempo (zeitgeist) como uma manifestação social da nossa percepção coletiva sobre o tempo em que vivemos. “O espírito do tempo não é um só. Se nós nos entendermos como agentes de mudança, transformações irão acontecer”, finaliza Gust.
À tarde, a questão temporal permeou novas discussões, mas seguindo o viés da sustentabilidade e o impacto da indústria da moda no mundo. Em “High Low: Novos processos e materiais”, o time girl power, composto por Agustina Comas (Comas), Ana Luiza (Aluf) e Lia Coelho (Cashmere Brasil), com mediação de Eloisa Artuso (Fashion Revolution), discorreu sobre métodos sustentáveis e formas de construção de um universo mais consciente, contando os erros e defeitos como etapas construtivas. “Enxergar inovação na dificuldade”, resume Elô. No encerramento do talk, a diretora criativa Ana Luiza amarrou o debate ao defender que “é preciso empoderar a moda sustentável, além de desmistificá-la. A moda sustentável não é excludente, muito menos uma ‘moda sem graça’”.
No fim do dia, tecnologia foi a bola da vez com a “Mesa Fashion Tech”, capitaneada pela fundadora da Mastertech, Camila Achutti, que apresentou cases de jovens promissoras como Beatriz Barbosa, à frente da We.Me, startup de acessórios impressos em 3D, e Juliana Pirani, do eFitFashion, que viabiliza moldes inclusivos na moda. O tema central girou em torno das novas possibilidades trazidas pela ascensão da tecnologia ao evidenciar o papel essencial e inovador deste instrumento na moda.
O primeiro dia do Projeto Estufa, por fim, levou o diálogo ao universo da música com “Quando Viver de Música é Viver de Tecnologia”, talk conduzido pelo tecladista do Skank, Henrique Portugal, que falou sobre carreira e inspirações frente ao universo digital e as transformações decorrentes na trajetória da música até os dias atuais.
O calendário de masterclasses, rodas de conversa, desfiles e oficinas continua até quinta-feira, penúltimo dia do SPFW N48, e encontra-se disponível aqui. Os ingressos estão à venda no site Tudus.