Com a Itália e a França entre os países paralisados devido ao coronavírus, a indústria da moda está sendo estimulada a agir. Com as manchetes e as conversas dominantes do Covid-19 em todo o mundo, é inevitável que as marcas queiram enviar mensagens aos seus clientes e seguidores sobre o assunto à medida que a situação se desenrola, mas algumas grifes estão indo além, fazendo doações significativas de equipamentos e até álcool gel em seus respectivos países.
O mercado de luxo está sendo um dos mais atingidos, já que sua produção na China e na Italia praticamente estagnou. Essas doações seguem a mesma mobilização vista após os incêndios florestais na Austrália, na Amazônia e a destruição parcial da catedral de Notre Dame, em Paris.
Segundo o Twitter, estamos vendo um tweet relacionado ao COVID-19 a cada 45 milissegundos e o #Coronavirus agora é a segunda hashtag mais usada em 2020. “Esses volumes refletem o enorme apetite por ver e compartilhar notícias e informações relacionadas a esse vírus à medida que ele se desenrola”, diz uma carta aberta da rede social abordando “comunicação de marcas em tempos de crise”. O Twitter chama atenção para o fato de algumas empresas usarem o momento para se promover sem o real propósito de ajudar, o que não parece o caso das marcas desta matéria, já que muitas das doações são destinadas a necessidades urgentes de hospitais e sistema de saúde.
Conheça abaixo as iniciativas de conglomerados e marcas:
LOUIS VUITTON
Com o álcool gel para as mãos em falta e ainda em alta demanda, diversos países têm relatado escassez, com a Coréia do Sul e a Tailândia, que orientou seus cidadãos a fabricar seu próprio produto de limpeza. Para ajudar a abrandar a escassez do desinfetante na França, a LVMH anunciou no domingo que três de suas maiores fábricas de perfume se concentrariam na produção deste item.
A ordem veio do presidente do grupo, Bernard Arnault: a partir de segunda-feira, as instalações que produzem fragrâncias e cosméticos para Christian Dior, Guerlain e Givenchy passarão para o gel hidroalcoólico, que será entregue gratuitamente às autoridades de saúde e hospitais franceses.
“Por meio dessa iniciativa, a LVMH pretende ajudar a lidar com o risco de falta de produto na França e permitir que um número maior de pessoas continue a tomar as medidas corretas para se proteger da propagação do vírus”, diz o comunicado.
A empresa também doou US$ 2,2 milhões à Sociedade da Cruz Vermelha da China.
PRADA
Já os co-CEOs da Prada, Patrizio Bertelli e Miuccia Prada, doaram seis UTIs para três hospitais em Milão, na Itália, um dos países mais afetados pelo coronavirus.
A Itália está no meio de um bloqueio de duas semanas e os médicos estão tendo que tomar decisões sobre quem vive e quem morre porque o equipamento é muito escasso, segundo o site The Cut. As diretrizes do Colégio Italiano de Anestesia, Analgesia, Reanimação e Terapia Intensiva dizem priorizar “pacientes com as melhores chances de sucesso”. Também existem anexos infláveis e temporários, montados ao lado dos hospitais para fornecer transbordamento.
Um curtíssimo comunicado emitido pela marca dizia que eles estavam dando “duas unidades completas de terapia intensiva e reanimação cada para os hospitais Vittore Buzzi, Sacco e San Raffaele”. Geralmente, as declarações do grupo são muito mais longas que uma frase, mas a situação é tão grave que não justifica uma explicação detalhada – só na segunda-feira de manhã, 1.809 pessoas morreram na Itália.
bvlgari
A Bvlgari fez uma doação ao Departamento de Pesquisa do Hospital Lazzaro Spallanzani em Roma, a primeira equipe médica a isolar o vírus em menos de 48 horas, uma conquista que permitirá aperfeiçoar os diagnósticos, a cura e o desenvolvimento da vacina.
Maria Rosaria Capobianchi, Francesca Colavita e Concetta Castilletti são as três mulheres – entre as primeiras da Europa – que tiveram sucesso ao isolar a estrutura do vírus. A doação da Bvlgari permitiu a compra de um sistema de aquisição de imagens microscópicas de última geração, uma máquina fundamental para apoiar essa pesquisa que levará a prevenção e ao tratamento do vírus. Esse tipo de microscópio é o primeiro a ser instalado em Roma e permitirá que os pesquisadores realizem protocolos de pesquisa experimental e inovadores.
“Estamos conscientes de que a doação é um pequeno pedaço da pesquisa que deve ser realizada, mas graças às pessoas maravilhosas que estão trabalhando dia e noite com grande otimismo, temos certeza de que nas próximas semanas avançaremos bastante na contenção e na erradicação do coronavírus, não apenas na Itália, como no resto do mundo”, diz Jean-Christophe Babin, CEO da Bvlgari.
Kering
O conglomerado dono de empresas como Gucci, Saint Lauren e Alexander McQueen US$ 1 milhão à Sociedade da Cruz Vermelha da China.
Giorgio Armani
Na semana passada, o estilista e empresário também fez uma doação de € 1,25 milhão (cerca de R$ 5 milhões) para três hospitais de Milão bem como o hospital Spallanzani de Roma e a Agência de Proteção Civil, segundo uma porta-voz da empresa.
VERSACE
Donatella Versace e sua filha doaram € 200 mil (cerca de R$ 1 milhão) para a UTI do hospital de San Raffaele, em Milão, que ficou sobrecarregada com os pacientes que estão sendo tratados pelo COVID-19. A marca também doou US$ 143.748 à Fundação da Cruz Vermelha chinesa para ajudar a aumentar suprimentos médicos no país.