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    Design, propósito e colaboração: conheça o trabalho do estilista brasileiro João Maraschin

    João Maraschin é um designer brasileiro radicado em Londres que está, aos poucos, conquistando seu espaço na cidade que é conhecida por abraçar e impulsionar talentos jovens.

    Ele, que já foi assistente de Ronaldo Fraga, mostrou sua coleção de graduação com um desfile na London Fashion Week no dia 13 de fevereiro. Seu trabalho tem chamado atenção por unir, na mesma medida, os pilares que são importantes hoje: design,  propósito e colaboração. Processos sustentáveis são a base da sua marca, não só do ponto de vista ambiental, mas também social e cultural. Sua marca, portanto, é uma plataforma para causar impacto positivo e um cenário mais inclusivo, diverso e justo na moda. “Acredito muito na capacidade da criatividade ser um agente de mudança na sociedade e trouxe essa ideia pra dentro do meu trabalho”, contou em uma conversa pelo Whatsapp.

    Antes de criar qualquer produto, ele trabalhou por quase dois anos apenas na pesquisa, na estruturação dos pilares de sua marca e como isso poderia ter uma mensagem significativa para a sociedade e ao mesmo tempo ser rentável como futuro negócio.

    Buscando um relacionamento saudável entre humano e máquinas, João apoia artesãos e o trabalho manual ao mesmo tempo em que busca novas tecnologias e matérias primas. Uma delas é o bio produto chamado BeLEAF, que é resultado de anos de pesquisa da empresa Nova Kaeru. Ele surge da manipulação da folha da colocasia (mais conhecida como orelha de elefante), e tem aparência similar ao couro. João é um dos primeiros criativos do mundo a trabalhar com o BeLEAF e o primeiro a levar para a passarela. Nylon reciclado, resíduos de seda tingidas com cebolas, espinafre e nozes também estão são encontrados em suas peças. “Trabalho com quase tudo feito à mão. A única exceção são os jacquards que eu desenvolvi com a Renaux View em Santa Catarina. É o único tecido da coleção e eu fiz essa escolha justamente porque, com o jacquard, você tem como criar do zero, o que faz com que haja transparência de processo e rastreabilidade da matéria prima do início ao fim”.

    Bolsa feita com BeLEAF / Cortesia

    Bolsa feita com BeLEAF / Cortesia

    Agora com o mundo da moda sendo imensamente afetado pelo Covid-19, uma marca como a de João faz cada vez mais sentido pois ela existe com um intuito que vai além da venda e do lucro, não abusa dos recursos naturais do planeta e devolve algo para a sociedade, sempre trazendo para perto outros pensadores e criadores.  “Colaboração é meu principal valor porque eu acredito que aquela ideia tradicional do diretor criativo impor ideias está perdendo força, e sim, estamos caminhando para um lugar muito mais coletivo e horizontal”, diz. “Estou constantemente buscando novos parceiros, colaboradores, descobertas em materiais e isso influencia bastante a história que eu for contar”.

    Ele acredita que é esta caraterística que está ajudando a abrir espaço em uma das cidades criativas mais competitivas do mundo. “Sempre olhei pra essa competitividade ou para o meu ‘concorrente’ como alguém com quem eu poderia trocar, aprender, ensinar, me relacionar, muito mais do que ‘tentar aparecer mais do que o outro’ ou aquela ideia mais agressiva de competição, que infelizmente ainda acontece”.

    Mas agora, com o período da quarentena, Maraschin acredita que a moda pode sair dessa com novos valores como um todo. “Estamos passando por uma reflexão forçada de todos os nossos valores como pessoas, profissionais e empresas. O futuro que eu imagino como produto dessa crise toda é mais solidário e colaborativo. Se a gente olhar pra história da sociedade e da moda também, depois de grandes eventos como guerras ou pandemias e de tanto tempo em reclusão e introspecção, nós tivemos grandes mudanças. Vamos sair dessa querendo nos expressar e expandir nossa capacidade criativa e coletiva”.

    Coleção de Inverno 2020 de João Maraschin / Cortesia

    Coleção de Inverno 2020 de João Maraschin / Cortesia

    História

    João tem 28 anos, nasceu em Caxias do Sul e mora em Londres desde junho de 2016.

    Suas avós e sua mãe o ensinaram a fazer crochê e tricô quando era muito pequeno e isso despertou um interesse no “fazer com as mãos”. Aí com 14 anos fez um curso no SENAI de costura e modelagem e depois graduação em design de moda na Universidade de Caxias do Sul.

    Entre 2011 e 2014 eu tive uma marca própria e vendia no sul do país em 12 lojas.

    Naquela época conheceu Ronaldo Fraga que o chamou para ser seu assistente. Ficou com ele até 2016 quando foi estudar em Londres no London College of Fashion.

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