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    Saiba o que rolou na Semana Fashion Revolution 2022

    O movimento trouxe debates sobre descolonização, valorização da cultura nacional e impacto da moda no meio ambiente

    Saiba o que rolou na Semana Fashion Revolution 2022

    O movimento trouxe debates sobre descolonização, valorização da cultura nacional e impacto da moda no meio ambiente

    POR Gabriel Fusari

    Refletindo o impacto do dinheiro, da moda e do poder na sociedade e no meio ambiente, aconteceu de 18 a 29 de abril a 9ª edição da Semana Fashion Revolution, promovida pela instituição de mesmo nome. Realizada nesta época como homenagem à memória das vítimas do desabamento do edifício Rana Plaza (Bangladesh), desde 2013 o evento global busca aumentar a conscientização sobre o impacto da moda no mundo em todos os estágios de produção e consumo. 

    Neste ano, a edição brasileira do evento foi promovida de forma descentralizada, acontecendo simultaneamente em 69 cidades espalhadas por 21 estados em formato híbrido: das 270 conferências e workshops, algumas foram presenciais, pela primeira vez desde o início da pandemia.

    A edição de 2022 do Fashion Revolution trouxe para o centro das discussões as desigualdades e abusos nas cadeias produtivas da moda, através das premissas “Quem faz minhas roupas”, “Qual a cor de quem faz minhas roupas”, “Do que são feitas minhas roupas” que foram impressas nas cartazes, ilustraram posts e ecoaram durante lives. 

    “Nós precisamos questionar as estruturas de poder vigente no atual sistema da moda que opera produzindo rápido demais”, disse Fernanda Simon, diretora executiva do Fashion Revolution Brasil, na abertura do evento.  De acordo com ela, a maioria das pessoas que fazem nossas roupas não recebem o suficiente para suprir suas necessidades básicas e são elas quem já sentem os impactos da crise climática que tem a própria indústria da moda como uma das causadoras. 

    Contra a PL do Veneno

    Uma das principais discussões na edição brasileira foram as pautas presentes na Agenda Legislativa da Moda Ética, direcionadas ao Congresso Nacional. Essa agenda defende o debate público sobre a PL do Veneno (PL 6299/2002) e a PL do Cânhamo (PL 399/2015). 

    Se apresentando contra a aprovação do PL do Veneno, o Fashion Revolution contextualiza que o projeto de lei pretende flexibilizar a aprovação de agrotóxicos, modificar os processos de avaliação e banir o termo “agrotóxicos” por considerá-lo exagerado. A proposta, formada unilateralmente por empresários do agronegócio, é criticada também pela Anvisa, pela comissão de direitos humanos e a Fiocruz pelos impactos à sociedade à longo prazo. Já a PL do Cânhamo, apoiada pelo movimento, busca permitir o cultivo, processamento, pesquisa, produção e  comercialização de produtos à base de cannabis industrial e medicinal, como indica um comunicado da instituição. 

    Outra pauta que faz parte da agenda é cobrar as empresas e o estado para maior rigidez na regulamentação das responsabilidades da indústria têxtil e de confecção quanto aos resíduos têxteis. Dessa forma, ampliando a lei 12.305/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), será possível alcançar resultados positivos na questão sanitária de resíduos têxteis no Brasil, que hoje, depois de dez anos, ainda não impõe critérios de como os órgãos devem se responsabilizar. 

    mobilização política

    De acordo com Iara Vidal, representante do Fashion Revolution em Brasília, no segundo semestre será elaborada uma carta-compromisso para apresentar aos candidatos ao Legislativo, para aderir a agenda da moda ética. “Isso é só o primeiro passo. A gente vai trabalhar mapeando, atuando e fazendo contato com os deputados e senadores em Brasília, que atuam em pautas afeitas à moda, como a da agroecologia, contra os agrotóxicos, pautas étnicas, em defesa dos interesses dos povos originários, antirracistas e feministas”, complementa Iara que deve levar a carta para políticos eleitos na próxima legislatura, em 2023. 

    O evento também busca promover uma conexão com a “verdadeira cultura de moda brasileira”, que reverência e reconhece os saberes originários e tradicionais do país. Para a coordenadora do Comitê Racial do Fashion Revolution Paloma Gervásio Botelho, a cultura afro-brasileira e dos povos originários são inesgotáveis de inovação. Entretanto, mesmo dialogando com a cultura brasileira, impactando o passado, presente e futuro, as culturas tradicionais são desrespeitadas. “Quando a moda brasileira se apropria dessas culturas sem reconhecer, ela as desvaloriza ao continuar vendo só como referência o norte global e o olhar eurocêntrico como princípio de tudo”. 

    Paloma foi uma das grandes responsáveis pela organização da extensão da Semana Fashion Revolution. Previsto para acontecer inicialmente entre os dias 18 a 24 de abril, a Semana ampliou os dias e teve uma dobradinha de eventos entre os dias 25 e 30 de Abril. Na semana extra, o destaque ficou para os eventos do Comitê Racial, que nesta edição teve uma participação mais ativa realizando eventos próprios. 

    COMITÊ Racial

    Nesta dobradinha, o que guiou as narrativas da semana foi a busca de um olhar decolonial para a moda. Durante a live “Descolonize a Moda: porque é importante colorir a moda da diversidade?”, a estilista Day Molina, integrante do comitê racial,  pontuou que a moda necessita ser descolonizada para que assim possa ser possível valorizar e ter autonomia sobre a  própria história: “Essa perspectiva decolonial é fundamental para que a gente possa escrever uma nova história de referências e simbologias estéticas. Onde a gente possa se enxergar e possa celebrar nossa diversidade e nosso orgulho do pertencimento etnico, cultural e racial”. Day, que tem ascendência dos povos indígenas Aymara e Fulniô, trabalha há 14 anos na indústria da moda. Ela relatou na live sobre o tema, que ter uma verdadeira diversidade e pluralidade no mercado é importante para evitar o apagamento e apropriação de movimentos e culturas.

    O Comitê Racial também traz consigo as pautas indígenas por entender que não se faz revolução na indústria sem conversar com quem estava antes na terra que hoje é explorada. Segundo Marília Tavares, docente embaixadora do Fashion Revolution, o Comitê surgiu em 2020 após uma série de questionamentos feitos em redes sociais por profissionais e simpatizantes da moda sobre a falta de representatividade e inclusão racial nas pautas do movimento. Neste ano, à frente pela primeira vez na organização de eventos, o Comitê propôs oficinas, exposições, rodas de conversa, mostra de moda em audiovisual e atividade terapêutica que aconteceram no Senac Lapa Faustolo como abertura da continuação da semana. 

     

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