João Pimenta é daqueles estilistas bem fiéis ao seu universo, não se influenciando diretamente por movimentos externos ou tendências passageiras, em vez disso se debruça em ressignificar seus códigos e adaptá-los com maestria. Quem acompanha o designer lembra que João vinha de uma série de coleções bem profundas, que beiravam ao gótico…
Foi então uma bela surpresa assistir uma coleção em que não existe um único look preto sequer. São lindos os tons de cor de rosa, envelhecidos e esmaecidos, assim como as variantes que caminham entre o bordô e o cereja. O Renascentismo deu o tom da coleção, daquelas que do primeiro ao último look você fica completamente imerso ao tema proposto.
João, conhecido pela técnica, usou alguns dos recursos mais sofisticados: pinturas à mão eram reveladas no interior de casacos, a modelagem estrutural e escultural impressionava, em materiais nobres e encorpados. O toque visceral, sem trocadilhos, se deu com vísceras e outros órgãos sendo bordados de forma ornamental. Essa relação com o interior do corpo explica a cartela de cores e o jogo de mostrar e esconder que serviu de fio condutor da apresentação. Profundo e delicado, entregou, sem dúvidas, uma das melhores coleções dos últimos tempos!