5 designers que estão inserindo frescor e ineditismo à joalheria
Conheça os nomes por trás da Arco, Carlos Penna, Crayons, Nart e Usejoias
5 designers que estão inserindo frescor e ineditismo à joalheria
Conheça os nomes por trás da Arco, Carlos Penna, Crayons, Nart e Usejoias
Diferente de marcas cujo produto central se baseia em roupas e, com isso, têm como norte um formato e calendário muito bem definidos – mesmo quando colocado em cheque –, o mercado de acessórios possui suas particularidades, que vai do formato de lançamento a relação com o produto, por conta da matéria prima.
O que noto é que de tempos em tempos surge uma nova geração de designers introduzindo frescor à joalheria que, especialmente no mercado nacional, ainda é tão apegada aos formatos clássicos, com poucas experimentações e ousadia. Mesmo que limitante por conta da escassez e pela relação do consumidor (afinal uma pessoa pode vir a comprar 4 calças por ano, mas raramente irá fazer o mesmo com anéis e colares), cinco nomes estão transformando e questionando esses e inúmeros outros pontos.
Reunimos, na sequência, as percepções desses criativos e suas visões pessoais a partir de um mesmo questionário.
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Marca: Arco
Quem faz: Julliana Araújo
Onde reside, onde começou a marca?
Resido em São Paulo e a ARCO é carioca.
Qual sua formação?
Sou graduada em Design, com especialização em Comunicação.
Quando começou a marca em si?
Em 2020, a marca tem 3 anos.
Como define o seu trabalho, sua estética, seu universo criativo?
Arco, tem um olhar muito estreito com tecnologia, arte, escultura-fazeres manuais e a experimentação visual. A marca tem no seu DNA exercício cotidiano de pesquisa em composições de novos materiais-texturas, sem deixar de lado a conexão com a representação de novos impulsos e linguagens trazidas cotidianamente pela tecnologia.
Quais os materiais que costuma e/ou mais gosta de usar?
Prata 925, vidro, correntaria e pedras naturais.
Quais os próximos passos?
Estamos nos preparando para lançarmos nossa sexta coleção de jóias, ainda sem data definida no primeiro semestre. Vai ser incrível poder receber todos os nossos convidades, clientes e amiges da marca. A médio prazo, buscamos comercializar nossas joias fora do país também.
Onde as peças podem ser encontradas?
Se tivesse que definir em uma palavra suas peças, qual seria?
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Quem faz: Carlos Penna
Onde reside, onde começou a marca?
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Marca: Crayons
Quem faz: Gilberto Bara
Ao longo prazo, internacionalização.
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Marca: Nart
Quem faz: Pedro Nart
Onde reside, onde começou a marca?
São Paulo.
Qual a formação?
Artes visuais com especialização em alta joalheria.
Quando começou a marca em si?
Setembro de 2019.
Como define o seu trabalho, sua estética, seu universo criativo?
Minha joalheria é elaborada a partir de uma linguagem singular. Acessórios democráticos, sutil para o “masculino”, prático para o “feminino”, híbrido e de uso comum entre estes pólos, eliminando as barreiras de idade e gênero comum na joalheria tradicional.
Meu trabalho é criado a partir das técnicas da joalheria clássica com a arte dos desenhos contemporâneos e uma dose de ousadia, que originam adornos carregados de intensidade, com aspectos escultóricos.
Meu universo criativo é amplo, filtro tudo aquilo que me cativa, desde filmes e livros até objetos e emoções. Na hora de criar, as ideias e inspirações se misturam e vêm à tona. Meu momento de vida acaba sempre refletido no meu trabalho. As Garras, por exemplo, nasceram da fusão entre meu medo de aracnídeos e a vontade de criar uma “jóia-arma”, que protege aquele que a usa.
Quais os materiais que costuma e/ou mais gosta de usar?
Prata, ouro e gemas. Recentemente me encantei pela marcenaria e tenho desenvolvido experimentos de mobiliário.
Quais os próximos passos?
Abranger novas categorias de produtos e colaborar com outras marcas.
Onde as peças podem ser encontradas?
No nosso e-commerce (www.nartstudio.com.br) e no Shop2gether.
Se tivesse que definir em uma palavra suas peças, qual seria?
Intensas.
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Marca: Usejoias
Quem faz: Bruno Cardoso
Onde reside, onde começou a marca?
Atualmente, e recém chegado, resido na cidade de São Paulo, no bairro Higienópolis. A ideia por trás da marca começou em Porto Alegre, por 2017, durante a pesquisa do meu trabalho de conclusão da faculdade.
Qual a formação?
Me formei em design de produto pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) em 2019. Na graduação, meu aprendizado era voltado para pesquisa e projeto de produto em uma perspectiva mais industrial. O contato com a joalheria não veio da faculdade, foi pelo meio de 2016 em que eu comecei a procura por uma nova mídia de trabalho manual até encontrar um ateliê-escola de ourivesaria tradicional. Ao longo de 18 meses aprendi o básico e então decidi seguir autodidata, focando em aprender e explorar técnicas menos convencionais. Começou de uma maneira completamente despretensiosa e fico muito feliz vendo a evolução da marca.
Quando começou a marca em si?
A ideia por trás da marca começou em 2017, no objeto do meu trabalho de conclusão da faculdade: a criação de peças para indivíduos que misturam aspectos femininos e masculinos na construção da sua identidade e performance de gênero. Durante a pesquisa do projeto, analisei a produção das marcas comerciais de joalheria e finalmente entendi porque nunca havia encontrado algo que eu me identificasse – até esse ponto, sempre achei que o problema era eu. Na verdade, o problema era que as peças oferecidas e as campanhas comunicadas traduziam histórias que não eram as minhas – histórias completamente binárias e tradicionais. Como eu não me reconhecia nessa maneira de projetar e vender joias, criei a usejoias pensando em uma alternativa fluida que combina aspectos historicamente associados ao masculino ou feminino para criar peças que retratem os novos comportamentos, desejos, identidades e histórias que estão fora do universo tradicional atendido pela joalheria. Até conseguir estruturar a marca, toquei por um ano e meio duas atividades em paralelo: gerindo uma loja de Porto Alegre e, nos meus dias de folga, produzindo os pedidos e encomendas da marca em uma bancada alugada no ateliê onde eu havia estudado. Eventualmente, consegui juntar dinheiro o suficiente para comprar meus primeiros equipamentos e montar meu ateliê em casa. Eles me acompanham até hoje, trouxe todos comigo para São Paulo e agora estão instalados em meu novo ateliê, na Santa Cecília. Eu considero que a marca começou de fato no dia 23 de dezembro de 2018: meu último dia de trabalho no meu último emprego.
Como define o seu trabalho, sua estética, seu universo criativo?
Meu trabalho está em constante transformação, ainda acho muito cedo para defini-lo. Ao longo dos últimos anos tenho explorado diferentes técnicas para criação de joias e, a partir dessa experimentação, comecei a entender a relação entre o que eu sinto, o processo que escolho e como tudo isso não apenas afeta mas cria o resultado final. Seja trabalhando direto no metal, esculpindo em cera ou na modelagem e impressão 3D, o que mantém-se presente em todo meu trabalho é uma aversão ao óbvio. Estou constantemente buscando uma maneira diferente de enxergar o comum, para criar com significado não existe receita de bolo: é um equilíbrio delicado entre o escândalo e o familiar que nutre a autenticidade e prende o olhar, gera pensamentos e possibilita assuntos – afinal, é impossível ser afetado por aquilo que não nos identificamos. Meu universo criativo é um Frankstein de referências pop que são misturadas à interações do meu cotidiano e lugares que passo.
Quais os materiais que costuma e/ou mais gosta de usar?
Todas as peças produzidas para usejoias são fabricadas em uma liga especial de prata com germânio, um metal hipoalergênico e alternativo ao cobre. Em relação aos materiais, meu tradicionalismo termina no metal; já com a gemas, gosto muito de utilizar materiais que vão além de um valor estético ou financeiro, encontrando opções com valor afetivo que conectam-se aos seus usuários através de memórias. Penso que esse hi-low, a mistura de um material nobre com materiais não tão convencionais mas que são valioso de outras maneiras, é a chave para criar peças autênticas e com identidade. Essa foi a combinação utilizada em uma das nossas peças de maior sucesso, o anel do humor Romeu. Costumo dizer que ele é a versão de gente grande da clássica joia que mudava de cor com as suas emoções, feita para quem já cresceu mas acha fundamental lembrar de quando tudo era brincadeira. O Romeu é uma mistura inusitada de joia e brinquedo, através do material, ele une uma memória de infância dos anos 2000 aos nossos novos valores de identidade e consumo.
Quais os próximos passos?
A marca está em um momento de expansão e minha mudança para São Paulo é uma resposta a isso. Nos últimos meses, aumentaram os nossos números de pedidos, as solicitações de stylists para produção de revistas e artistas e o contato de pessoas em nosso email ou conta do Instagram para solicitação de encomendas. Estamos nos estruturando pra atender essas demandas investindo em atendimento para o nosso público, aumentando nosso estoque, refinando processos internos e alinhando nosso cronograma ao calendário comercial. Agora, estamos finalizando os últimos reparos e instalações necessárias para o funcionamento completo do novo ateliê em Sao Paulo. Enquanto isso já estou desenvolvendo algumas peças em casa, estou muito curioso para ver como todas as experiências, pessoas e lugares que estou absorvendo irão aparecer materialmente no meu trabalho. O nosso primeiro lançamento do ano acontece em fevereiro, seguido de outros lançamentos individuais, com duas colaborações e uma coleção completa em setembro.
Onde as peças podem ser encontradas?
As peças da usejoias podem ser encontradas diretamente em usejoias.com, nosso site e e-commerce próprio. Além disso, é possível encontra-las fisicamente nas multimarcas Cartel 011, em São Paulo, e Andaime, em Porto Alegre.
Se tivesse que definir em uma palavra suas peças, qual seria?
Autênticas.