O que indicam os primeiros passos de Daniel Lee frente à Burberry?
Da mudança de logo aos nomes escolhidos para a primeira campanha sob sua direção
O que indicam os primeiros passos de Daniel Lee frente à Burberry?
Da mudança de logo aos nomes escolhidos para a primeira campanha sob sua direção
No final de semana os mais aficionados notaram que a Burberry havia esvaziado o seu feed no Instagram – uma das movimentações mais simbólicas em tempos de social media. A mensagem é clara: uma nova era será iniciada. Horas depois surge uma nova logomarca em azul cobalto e 12 imagens, que foram postadas em um curto intervalo de tempo. Daniel Lee que vem trabalhando em silêncio desde o ano passado, finalmente compartilhou sua visão e, suavemente – ou nem tanto assim –, seus desejos.
Curioso observar que Lee começou justamente pelo Instagram, uma ferramenta que abdicou quando alcançou o sucesso frente a Bottega Veneta anos atrás. Mas o que isso significa e o que podemos esperar?
Ao olhar para a logo que, apesar de trazer ineditismo em um primeiro momento, foi reconquistada no acervo da Burberry; o Equestrian Knight (EKD) data de 1901 (!). O que também podemos perceber foi na adição da palavra latina “Prorsum”, que significa em tradução livre “para a frente, em diante” – algo que não víamos na comunicação da marca desde a era de Christopher Bailey.
A escolha do casting também é valiosa, já que reúne: Liberty Ross, Vanessa Redgrave, Lennon Gallagher, Skepta e ShyGirl, todos britânicos e fotografados por Tyrone Lebon, fotógrafo com quem tem uma intensa troca criativa e também é britânico, diga-se de passagem. Essa busca pelos símbolos, nomes e códigos, que andavam esquecidos durante a passagem de Tiscci, voltam a ser o norte da marca, que foi durante décadas celebrada como o melhor resumo do estilo from UK.
O próprio Lee, em dezembro passado deu uma entrevista à Vogue, contando que sua entrada não se limita ao fato de partilhar da mesma terra natal da marca. Formado pela Saint Martins, ele relembrou que um dos primeiros desfiles que assistiu após formado foi o de inverno 2012: “aquele com a chuva artificial”.
Em outra entrevista complementou dizendo: “Quando criança foi a primeira marca que ouvi falar e na adolescência reparei que era a única marca que todos conheciam, digo, pessoas que não eram da moda”. Então nota-se um desejo de exaltar essa tradição e de compartilhar um olhar menos estrangeiro sobre a marca – só observarmos que cada vez mais isso vem se repetindo, vide a Gucci que optou mais uma vez por um italiano ao substituir Michele por Sabato de Sarno.
Num momento que todos flertam com o minimalismo e a palavra de ordem é essencial, Lee contou, dessa vez a Vogue britânica, que “quando se entra em uma marca onde é sabido que Thomas Burberry fazia roupas para a rua, para vivê-las cotidianamente, é impossível não querer seguir nessa mentalidade. Pelo menos, é a que eu quero seguir e explorar com clareza”. O desfile em formato co-ed acontece no dia 20 de fevereiro e é, sem dúvidas, um dos mais aguardados da temporada. Por aqui, apostamos em uma imagem ultra urbana, utilitária, minimal e, obviamente, tendo o indefectível trench coat como ponto de partida.