Tem uma frase atribuída a Paco Rabanne já lá nos 1960 em que ele afirmava “a mulher do amanhã será eficiente, sedutora e independente. São para elas que crio”.
Falecido há cerca de um mês, o estilista espanhol conseguiu se manter no closet da parisiense, especialmente a que tem uma queda por brilhos, novas formas de se sentir sexy e, obviamente, é fã de um perfume nostálgico. Na apresentação de hoje esse espírito de seu criador foi celebrado pelo atual diretor criativo Julien Dossena (que está de saída da marca).
O primeiro bloco é mais contemporâneo com acolchoados e atoalhados, texturas metalizadas e volumes inesperados. Somos então surpreendidos com uma série de vestidos com estampas figurativas que remetem ao surrealismo – prints dramáticos em contraponto a uma silhueta arqueada e recortes bem arquitetônicos.
Party goer, essa menina-mulher parece ter uma vida social intensa e eclética: há longos envolventes em tons vibrantes pontuados por um elaborado trabalho de cristais e metal, que deixa uma boa porção de pele à mostra. Um exercício inteligente que revela a habilidade de trazer o DNA da marca para 2023. Menção especial aos vestidos e saias decorativistas, quase chandelier. Uau.
O final, como era de se esperar, tem cara de homenagem com inúmeros clássicos em sequência: placas de metal, moedas, tramas incomuns. Enchem os olhos por carregarem história, claro, mas por terem também muito frescor. O que impressiona é a dicotomia de alcançar a leveza com materiais tão robustos. Se décadas atrás eram consideradas quase espaciais, hoje elas parecem terem sido criadas para nossa própria órbita.