Roupa de cabelo humano: Conheça a Human Material Loop
A marca de Zsofia Kollar mostra, que desde a era vitoriana, os cabelos desafiam padrões e podem ser transformados em roupas.
Roupa de cabelo humano: Conheça a Human Material Loop
A marca de Zsofia Kollar mostra, que desde a era vitoriana, os cabelos desafiam padrões e podem ser transformados em roupas.
De origem holandesa, a empresa Human Material Loop ficou conhecida no mercado de moda sustentável por fabricar roupas feitas a partir de um material inusitado: fios de cabelo humano descartados. Zsofia Kollar, nome por trás da marca, ao explicar as vantagens do uso dessa fibra revela algumas curiosidades, como: o cabelo é um material natural, ou seja, mantém a mesma qualidade da lã ou de fibras sintéticas sendo infinitamente mais sustentável. A empresária e designer também ressalta que o cabelo retém calor, é antibacteriano, extremamente durável e hipoalergênico para defender sua nova alternativa para produção de roupas sustentáveis.
Apesar de parecer uma ideia nova, diversas marcas da alta costura já utilizaram cabelos em algum momento de suas coleções. Exemplos disso ficam para as crinas de cavalo nos acessórios de Ann Demeulemeester e Helmut Lang, o casaco de peruca sintética de Margiela, o tricô da Fashion East feito com extensões do próprio designer Gareth Wrighton e criações do início da carreira de Alexander McQueen – todas continham mechas de cabelo. Além disso, o cabeleireiro e diretor criativo Charlie Le Mindu é muito conhecido por suas aplicações com extensões de cabelo humano usadas em figurinos e também em suas unhas em parceria com a marca Cahu.
No entanto, o mercado de venda e compra de cabelo ainda é algo que permeia entre as barreiras da ética. Regiões da Índia, China e Europa Ocidental sofrem com a venda ilegal de cabelo, por isso, Zsofia utiliza em suas criações “tudo o que um cabeleireiro varre do chão”, podendo, dessa forma, rastrear por completo o cabelo do salão até a fábrica. A designer também relata em entrevista para i-D: “[…] espero secretamente que isso leve os consumidores a exigirem também um fornecimento mais ético para as suas extensões de cabelo”.
Zsofia ainda acredita que cabelo humano é, sim, uma escolha melhor quando falamos de cadeia de produção de roupas e sustentabilidade, e espera que seus consumidores entendam seu ponto de vista. A designer também reflete sobre a relação de sua marca com o público quando compara fibras animais às fibras de cabelo: “Acho que é porque, muitas vezes, as ovelhas não têm nome […]. Como humanos, temos um nome e nossos animais de estimação também, como cães e gatos. Acho que isso é algo que não podemos superar psicologicamente.”
Assim como outros statements da moda, as fibras de Zsofia, dentro de um sistema que prega por consumo, nos deixa desconfortáveis, pois desafia a forma que enxergamos a moda. Apesar de suas controvérsias, a marca prova que independente de ser fibras de origem de planta, de animal ou sintéticas, há sempre questões menos óbvias e mais importantes que devem ser levantadas.