Ser fiel ao que se acredita e, especialmente, a quem acredita é algo um tanto raro na moda atual. Alexandre Herchcovitch é uma dessas exceções. O desfile de verão 23/24, segundo desde que retomou sua marca, apresentado hoje (05.12), dentro do line up da Casa de Criadores, nos comprova esse senso de fidelidade e, ainda, mais a sua verdade – que não se intimida e nem enfraquece.
É curioso observar como um olhar tão urbano reinterpreta referências praianas: desaba aqui e ali, amolece e adiciona movimento, exercícios complexos e experimentações que transformam uma única peça em calça e saia – simultaneamente. O sexy tem um quê de humor e ironia – revela mais rebeldia, do que pele em si.
Destaque para drapeados iniciais nos vestidos curtos assim como os vestidos finais bem amplos, com plissados, em tecidos ultra leves: estampados com flores, xadrezes e grafismos. Alexandre não gosta de se prender a décadas ou momentos específicos, mas misturá-los e, ao seu modo, propor uma espécie de curadoria. Todos os seus códigos aparecem, auto-referentes e celebrativos.
É um verão que, como ele mesmo antecipou, não se limita ao tomar sol. Roupas que não se prendem a uma ocasião e que anseiam por serem vividas e trazidas para momentos menos idealizados – seja à sombra, seja à pino.