Já ouviu falar na expressão Anti-Fashion?
É o movimento surgido no final dos anos 1980 que explicamos no Glossário FFW.
Já ouviu falar na expressão Anti-Fashion?
É o movimento surgido no final dos anos 1980 que explicamos no Glossário FFW.
É, ela não é das mais fáceis de serem definidas, porque ela não é definitiva, pois assim como a moda de tempos em tempos se transforma, a anti-moda vai se adequando.
O que ainda torna ainda mais confuso é que a moda, muitas vezes, se apropria do anti-fashion e aí… ele mais uma vez busca outra forma de confrontá-la.
Resumidamente: anti-fashion é um antagonista da moda. Luta contra e impõem o inverso de todos os códigos e ferramentas que estão na moda. A antítese da tendência, mas que com o tempo pode vir a se tornar também.
Para ficar mais claro, te mostramos alguns exemplos factíveis: nos anos 1950, o rock surge como uma contracultura e o movimento rockabilly como um statement perante a imagem conservadora daquele período. Nos anos 1970, o punk resume o desejo de ir contra o sistema estabelecido, o outro extremo de um período marcado pelo glamour e decadência – mas que, vale ressaltar, acabou sendo incorporado na cultura pop (Vivienne Westwood e Malcolm McLaren, que o digam!) e deixou de ser um símbolo anti-moda para virar moda… sim, isso pode acontecer.
Nos anos 1980 e início dos 1990, a moda vivia tempos de exuberância com o maximalismo e supermodelos reinando. Em contrapartida, do outro lado do mundo, o movimento japonista (Issey Miyake, Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto) propunha novos códigos como uma resposta à hegemonia européia e reflexo de tempos mais sombrios que assolavam o mundo real: a começar pela onipresença do preto, a “não cor”, além de desconstruir e deformar a silhueta.
Martin Margiela é outro grande exemplo: ao invés dos salões pomposos de hotéis parisienses, levou a imprensa para assistir suas apresentações em galpões e fábricas abandonadas na periferia de Paris. Tecidos que seriam descartados, plásticos, tampas de caneta BIC, candelabros… tudo de mais ordinário foi ressignificado pelo belga. Vale assistir o doc “Antifashion”, disponível no Youtube, que dá um overview do movimento nos anos 1990.
Pós internet, já nos anos 2010, despontam do leste europeu Gosha Rubchinskiy (Rússia), Demna e Guram Gvasalia (da Georgia, antiga república soviética) que traduzem em suas coleções a imagem e subculturas de seus países natais: conjuntos esportivos, tênis com molas, lenços na cabeça; e fazem dessa imagem periférica um objeto de desejo – e aí, mais uma vez, o que era anti-fashion se torna… fashion!