Ana Clara Watanabe faz desfile de estreia de sua marca no Edifício Martinelli
Em Tarsila Amarela, estilista traça paralelos entre artista modernista e sua herança nipônica
Ana Clara Watanabe faz desfile de estreia de sua marca no Edifício Martinelli
Em Tarsila Amarela, estilista traça paralelos entre artista modernista e sua herança nipônica
Alguns dos melhores encontros são os improváveis, o primeiro desfile solo de Ana Clara Watanabe intitulado “Tarsila Amarela” é o melhor exemplo disso. Ana é um nome fora da curva e que gosta de se dedicar a processos. Para sua estreia, que aconteceu ontem (29.05) no Edifício Martinelli, fez roupas em tamanho maxi que pareciam instalações – primeiramente idealizadas como origamis e, consequentemente, confeccionadas.
A voz que ecoava durante o desfile-performance “São Paulo” era da própria Tarsila do Amaral, recuperada de uma de suas últimas entrevistas. O mais instigante foi conseguir costurar a obra da pintora modernista, São Paulo e suas origens nipônicas, que impressionam pela execução e pela teatralidade. Dentre os convidados: familiares entusiasmados, clubbers, artistas e Jum Nakao, nome-chave da moda nacional com quem Ana Clara trocou experiências para materializar suas ideias – afinal, quem melhor do que ele, o estilista que chocou ao fazer um desfile apenas com roupas de papel em 2004, dividindo a crítica.
Interessante observar que revisitar um centenário não fez a designer olhar para o passado, tudo é sobre o agora e sobre o amanhã: recuperação têxtil, desenvolvimento de aviamentos a partir de plástico e vidro, outros feitos a partir de cápsulas de café. Ir além de um desfile convencional, Ana Clara propôs uma provocação e uma discussão bem arquitetada sobre imagem, processo criativo e execução. Alfaiataria atualizada, tapeçaria e outras manualidades que, poeticamente, enchem os olhos.
Fotos de passarela por Fernando Schlaepfer