Pabllo Vittar fala sobre processo criativo, sua coleção com adidas e amizade com Madonna
Em entrevista exclusiva, a artista divide alguns momentos marcantes para sua carreira nos últimos meses e novidades para o mês Pride deste ano.
Em entrevista exclusiva, a artista divide alguns momentos marcantes para sua carreira nos últimos meses e novidades para o mês Pride deste ano.
Pabllo Vittar fala sobre processo criativo, sua coleção com adidas e amizade com Madonna
Em entrevista exclusiva, a artista divide alguns momentos marcantes para sua carreira nos últimos meses e novidades para o mês Pride deste ano.
Em entrevista exclusiva, a artista divide alguns momentos marcantes para sua carreira nos últimos meses e novidades para o mês Pride deste ano.
Consagrada como uma das maiores drag queens do mundo e uma das artistas brasileiras mais conhecidas globalmente, Pabllo Vittar, divide em conversa com a FFW, como foi trabalhar com a adidas, uma relação que começou com um sonho de ter as peças da marca esportiva até assinatura da direção criativa de sua própria coleção para a Pride 2024. Além disso, a artista também revela o processo criativo por trás de seus looks e figurinos da era Batidão Tropical Vol. 2, seus planos para a Parada Gay deste ano e também compartilha detalhes exclusivos de sua convivência com Madonna durante a passagem da rainha do pop pelo Brasil no mês passado, quando participou do show histórico de encerramento da Celebration Tour na Praia de Copacabana.
A coleção adidas x Pabllo Vittar para a Pride 2024 já está à venda no site da adidas, nas lojas físicas ou por meio do aplicativo oficial da marca. A campanha também movimenta a hashtag #LoveUnites por todas as redes sociais como forma de divulgação da coleção e de um amor livre.
Nós sabemos que você e a adidas tem uma parceria de longa data que vem desde seus primeiros clipes, conta pra gente como é ter uma das maiores marcas de moda esportiva ao seu lado?
Primeiramente, eu sou uma pessoa muito grata pela adidas por estar comigo desde o início da minha carreira, desde o comecinho mesmo – lá em ‘‘Open Bar’’, eu já tinha a Adidas como uma das minhas parceiras.
E agora, sendo a primeira artista brasileira a fazer a direção criativa de uma coleção inteira, pra mim, assim, é um sonho realizado. É muito importante ter uma empresa grande como essa que é forte no segmento da moda e do esporte voltando os olhos para a comunidade LGBTQIAPN+ porque incentiva outras marcas tão grandes quanto olharem para nós também – não só no mês de Pride, que é o mês onde a gente se vê com várias parcerias, mas acaba ficando só ali no mês da Pride mesmo. A adidas não, a adidas, a gente vê que ela acompanha a nossa comunidade o ano inteiro com várias coisas para que a gente se sinta incluído mesmo, o que eu não vejo em outras marcas.
E qual sua relação com moda?
Falando de moda, eu acho que é uma coisa que me empodera, sabe? Não só na minha carreira, mas no meu dia a dia mesmo. A gente que é da comunidade LGBTQIAPN+, a gente passa por muito preconceito, muitos olhares, muitos momentos difíceis que às vezes só uma peça de roupa que a gente use e que a gente se sinta quem a gente é já empodera a gente pra que a gente consiga sair de casa, pra que a gente consiga fazer as coisas que a gente tem que fazer, sabe? E desde pequena, eu tive essa percepção quando eu vi a minha primeira revista de moda, acho que eu fui em um dentista, em um consultório médico e eu vi um monte de revistas com aquelas mulheres lindas e empoderadas e eu falei: ‘Eu também quero ser assim’. Então a moda tem esse papel de te deixar mais poderosa, mais confiante.
E essa coleção com a adidas diz muito sobre isso. Eu quero que as pessoas se sintam confiantes.
Você já sonhava em fazer essa parceria com a adidas?
Eu sempre falo com a galera da adidas que eu sempre fui uma ‘‘adidas girl’’ desde pequenininha. Eu sempre quis o tênis com as três listrinhas, a jaqueta – hoje em dia, eu tenho tudo que eu quero deles. Mas naquela época, eu só era uma grande sonhadora com meu Tumblr querendo ter os meus lookinhos tumblr e eu não tinha um tênis da adidas pra me empoderar ali. Então, eu tenho certeza que tá na minha narrativa criativa essa parceria que eu já fomentava. A adidas tem uma força muito grande de fazer com que a gente se sinta família, com que a gente se sinta pertencente, coisas que eu sinto falta em outras marcas, sabe? Eu não vejo esse olhar tão assim pra comunidade, e a adidas dá aula nesse quesito!
Como é o processo de criação da estética e dos looks que você usa, principalmente quando falamos de palco, capas de álbum, editorial, etc?
Eu trabalho com meu stylist, o Victor Miranda e a gente conversa muito, a gente tem muita troca, porque a moda tem um papel fundamental na minha carreira, porque ela também expressa uma mensagem. Quando eu falo de palco, por exemplo, agora que eu tô com o Batidão Tropical Tour em vigência, a gente tá trazendo referências do Norte e do Nordeste, a gente buscou muitas referências do que eu ouvia quando eu era criança, coisas que as cantoras usaram aquela época – até pra fazer esse resgate mesmo, não só musical, mas cultural também.
Então, a gente se aprofundou muito nisso do Norte e do Nordeste do país, mas também olhando lá na frente, tendo uma visão mais avant garde do que a galera tá usando lá fora, novos tecidos, novas modelagens, o que a gente pode trazer de novo para mesclar com esse passado e com que a gente tá usando agora. Então, é sempre uma discussão assim, por que eu vejo como uma das partes mais importantes, é muito legal poder trocar.
E no seu estilo pessoal, você vê muitas influências da Pabllo drag no seu estilo do dia a dia?
Eu acho completamente diferente (risos). Por exemplo, quando eu tô no palco, eu quero me sentir mais sexy, eu quero me sentir mais – dependendo do dia – uma coisa mais cute, uma coisa mais savage, uma coisa ‘meu deus, ela é a rainha do Calypso, aqui nesse look!’.Quando eu tô desmontada – eu tiro pelas roupas que eu uso no aeroporto – eu sempre tô de calça wide e folgada, de jaqueta mais folgada, de moletom que eu possa me esconder. É pra fugir do assédio? Não, é por que eu me sinto sem a maquiagem e sem o cabelo, eu sou muito tímida, então eu sempre busco um look mais discreto, com roupa de cores mais neutras, preto, branco, cinza, mas quando eu tô no palco eu quero brilho, eu quero recortes, eu quero modelagens, quero textura, eu quero tecidos diferentes. Então eu uso e abuso de tudo no palco, mas fora do palco… (risos) Não que eu seja básica, mas é bem diferente!
Inevitável não falarmos de Madonna. Sua participação na Celebration Tour foi um dos momentos mais comentados das últimas semanas e a gente queria saber o que foi o convite? Como isso aconteceu?
Eu não uso e-mail, você acredita? Ela me seguiu e mandou mensagem no Instagram!
Foi por DM?
DM, amor! Eu sempre fui muito fã da Madonna, desde criança, porque minha mãe já ouvia Madonna. E é engraçado como ela conseguiu e consegue, até hoje, permear por muitas décadas e trazer fãs de diversos aspectos. Ela me mandou uma mensagem na DM. Eu achei engraçado que primeiro ela perguntou se eu morava no Rio ou em Miami, já achei chic! E eu falei: Não, mulher, eu não moro no Rio, mas eu vou pro Rio te encontrar, não tem problema. E ela me mandou essa mensagem, e a gente começou a ter essas primeiras trocar ali pelo Instagram, depois eu passei o contato do meu pai que é o meu empresário que entrou em contato com a empresária dela e aí desenrolou tudo. Eu passei uma semana ensaiando com ela lá no Copacabana Palace e a gente acabou criando um vínculo eu, a equipe dela, as filhos dela, as filhas dela são fofíssimas. Criei realmente um vínculo e já estou com saudades. Foi muito legal também esse resgate da bandeira brasileira que a gente fez no palco, da camiseta verde e amarela que a gente trouxe ali foi muito simbólico. Na hora, assim, a gente não percebe tanto, a gente acha que é só parte do show, mas depois que você vê o negócio acontecendo ali parece que reacendeu uma chama, sabe? Por isso que eu sou muito grato a ela!
Depois do show vocês continuaram mantendo contato, fazendo ligações, trocando mensagens?
Sim! Ela postou uma foto da gente no after que teve depois do show e eu fiquei assim: ‘Meu deus, ela tinha tanta gente pra postar e postou foto comigo?’ – pelo menos eu estava bonita. E eu mandei uma mensagem fofinha e ela agradeceu pelo comprometimento, porque, poxa, ela gosta de trabalhar bastante, ela é uma artista que se empenha muito e eu me vi muito nela nesse sentido, de querer entregar o melhor, de se esforçar o máximo. E ela mostrou pra mim realmente que não tem idade, não tem momento pra fazer o que a gente quer fazer. Então, eu saí de lá muito inspirada.
E sobre o mês do orgulho, temos algum spoiler de algo que você está preparando? Quais são as expectativas, principalmente depois da Parada ter mudado as cores das roupas depois de você e a Madonna aparecerem usando a bandeira do Brasil estampada?
Eu vi, achei muito legal! Bom, sobre ações para a Pride, eu estou 100% focada nesse lançamento com a adidas, nessa minha coleção, por que a gente ficou um ano trabalhando nas peças. As peças são direcionadas para o esporte e peças também direcionadas para o dia a dia, pro night lifestyle – eu pude desenhar junto com os designers os looks. Tem acessórios, tem sapato, então é uma coleção grande mesmo, então eu tô bem focada nisso.
Eu tô preparando um show especial para a Pride de São Paulo que eu vou ter a honra de também estar participando. Será que eu vou de verde e amarelo? Não sei, veremos! (risos) Eu acho que pede, vai ser bem legal!
E esse ano, tem sido um ano muito bom pra mim – pessoalmente, profissionalmente – comparado aos últimos anos, então, eu tô muito feliz e eu quero celebrar, sabe? Eu acho que quando a gente vai fazer um show de Pride, a gente quer celebrar! Óbvio que a gente também quer falar os nossos direitos, lutar pelos nossos direitos, mas é uma grande celebração. Então, esse ano tá com um gostinho muito especial, pois estou com Adidas lançando essa coleção maravilhosa e tô aí depois de fazer o show de Madonna sorrindo daqui a até aqui o ano inteiro.
Seu último álbum lançado em abril, Batidão Tropical Vol. 2 tem muitas referências de diversos gêneros da música brasileira, quais são as principais diferenças desse álbum para os seus trabalhos antigos?
Bom, Batidão Tropical Vol. 2 vem dando continuidade ao primeiro que eu lancei em 2021, se eu não me engano. E esse projeto é realmente um resgate. Esse momento que eu tava fazendo Batidão Tropical Vol. 2, eu vi que realmente era um resgate, um resgate da minha cultura, de quem eu sou, do quê eu vivi morando no Pará e no Maranhão. O Norte e o Nordeste do nosso país são riquíssimos culturalmente, então, eu quero colocar luz nesses artistas que tanto me inspiraram e os sons refletem muito isso, tanto que tem forró, tem muito techno brega, tem muitas outras referências de música que são bem regionais do Norte e do Nordeste. É um projeto que eu amo fazer e agora eu estou em turnê com ele.