Provavelmente você deve saber da simbologia da fênix, o pássaro mitológico que, ao morrer, entrava em combustão e ressurgia das próprias cinzas. Essa é a filosofia vigente de Daniel Roseberry na Schiaparelli, que abriu a semana de alta-costura em Paris, nesta segunda-feira (24.06).
O diretor criativo estava beirando ao impasse de ser um tanto repetitivo em seus códigos e ares surrealistas tão literais, os primeiros ares da mudança foram sentidos na coleção passada, mas neste o desejo de novidade, transformação e renascimento foi mais explícito. A começar pela própria locação: sai o Petit Palais, entra o Hôtel Salomon de Rothschild. Sai a luz natural, entra uma aura sombria e misteriosa.
A combinação preto e branco continua, mas ganhou texturas que lembram penugens, bordados prateados reproduzem penas, há novos volumes esculturais, o surreal não se dá mais pelo voyeurismo de fechaduras, mas de formas mais criativas e viscerais – como um salto que sai das costas de uma modelo. Menos óbvio, mais poético.
A atitude é diferente, menos dura, mais envolvente, mais sinuosa, mais provocante. O sexy depois de tantos anos escondido parece estar realmente renascendo… como uma fênix. Para quem estava com saudade da sedução quase hedonista há tanto tempo não vista na moda, ela vem por aí, ao que tudo indica.