Acabo de chegar de NY, onde passei uma semana, e voltei com aquela sensação familiar de que fiz um monte de coisas e não fiz nada ao mesmo tempo! Pegamos um break da chuva e fomos presenteados com um delicioso clima de primavera, com céu azul, daqueles sem nuvens. Mas vamos às fofocas nova-iorquinas!

Multidão na exposição do McQueen

EXPO MCQUEEN: fui, lá no Metropolitan. Fui um dia, tava muito lotado, não entrei e resolvi voltar no outro. Gente, lotado é pouco. Parecia o dia da vernissage. Fiquei meia-hora na fila só para entrar e, uma vez lá dentro, tinha que achar um cantinho de onde poderia ver tudo sem ficar esbarrando nas centenas de pessoas que estavam por ali. De tão cheio, a gente acaba não conseguindo ver direito, mas claro que valeu a pena. Em primeiro lugar, porque é uma mostra muitíssimo bem montada e muito completa. Passa por vários aspectos do trabalho e da personalidade de McQueen, mostra todos os seus desfiles e traz frases lindas que fazem a gente decifrar um pouco mais sobre quem foi AMQ. Como por exemplo: “Agora já não há mais volta para mim. Vou levá-los a jornadas que vocês jamais imaginaram possíveis”. Promessa cumprida. E de tão linda, a exposição é triste, pois mostra a obra fantástica de uma pessoa que não vai mais poder compartilhar suas loucuras com a gente. As salas são escuras e a música erudita só traz mais sobriedade. É uma poesia que faz chorar, como eu chorei quando revi o holograma da Kate Moss em um aquário de vidro, brigando por espaço com um menininho de sete anos!

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Nicola e Zombie Boy ©Reprodução

ENCONTROS: encontrei com meu velho amigo Nicola Formichetti, que também estava lá. Fomos almoçar num italiano no Soho, perto da Bleecker st. Me contou vários bafos, vamos aos publicáveis: Lady Gaga está nervosa com o lançamento de seu próximo álbum, em 23 de maio. Ele disse que ela é megaperfeccionista e quer sempre superar seu trabalho anterior. “Ela só vai ficar tranquila depois que tiver a ideia de se o disco emplacou ou não”. E isso acontece uns dois dias após o lançamento. Foi Gaga também que encorajou Nicola a aceitar o convite da Mugler. Como ele não é estilista, estava relutando, mas ela mandou um: “come on, let´s fucking do it”. Ah, também perguntou como se pronuncia Lady Gaga no Brasil e disse que vive falando pra ela vir para cá, que ela ia amar e que tem que colocar o Brasil na turnê, etc. Atenção patrocinadores!

Falei que o Rick Genest viria para cá (pro Fashion Rio desfilar para a Auslander) e ele disse? “Jura? Mas eu sou o agente dele e não estou sabendo!”. Na verdade, o agente de Nicola está também ajudando o Rick. “Estou feliz que ele esteja trabalhando e fazendo dinheiro”.

Nicola continua trabalhando como consultor da Uniqlo e editor da “Vogue Homme” japonesa, além da direção criativa da Mugler. Ele divide seu tempo mais ou menos assim: cinco dias por mês em Paris, na Mugler, uma semana por mês em Tóquio, na Uniqlo, o resto em Nova York ou onde o trabalho levar.

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Vista aérea do Dia Art Foundation, em Beacon ©Reprodução

ARTE: Fui ao DIA Beacon, sugestão da stylist Letícia Toniazzo e da curadora de arte Maria Montero. Imperdível! É uma fundação de arte instalada em um mega galpão numa cidadezinha chamada Beacon há uma hora e meia de NY. É o sonho de qualquer artista. Os espaços são enormes e as obras os preenchem com força, cor, inovação e magia. É pra lavar a alma. Lá tem obras de Richard Serra (que também está no MET), Andy Warhol, Sol LeWitt, Bruce Nauman, entre outros. Mas, para mim, a mais linda é a “24 Colors – For Blinky”, de Imi Knoebel. São peças enormes, cada uma de uma cor, que ele fez após a morte de seu amigo, o artista Blinky, que tinha como característica de seu trabalho o uso das cores. Fora que o lugar fica de frente para o rio, tem um gramado delicioso na frente, onde todo mundo se joga depois de andar pelo DIA.

Obra 24 Colors – for Blinky, em exposição no Dia

E claro, tem o New Museum, na Bowery, com projeto assinado pelo Sanaa. No espaço anexo tem a Cronocaos, exposição do Rem Koolhas maravilhosa, em que ele – e seu escritório OMA – questiona a arquitetura (e o pensamento) socialista de muitos arquitetos, entre eles Niemeyer. Eles fizeram um estudo profundo sobre a preservação de prédios no mundo inteiro. 12% do planeta está sob preservação, natural ou cultural e, de acordo com a exposição, a questão da herança está dominando a vida das pessoas hoje em dia. Mostra as fronteiras entre preservação, construção e demolição. É bem interessante.

Expo do Rem Koolhas, no New Museum

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Salão do Mercer Kitchen ©Reprodução

COMES: huuuuummmm, por onde começar… Onde comi melhor? No restaurante do hotel Mercer. A gente sentou com um amigo que contou a viagem que acabava de fazer por alguns estados dos EUA e mostrou fotos dignas de cenas de filmes, com direito a muitos cowboys. É um lugar mais “hype”, mas não chega a ser pretencioso. Outro lugar muito legal é o Freemans, bem particular. Tem uma lojinha e uma barbearia antiga na frente, todos os homens têm barba, o lugar é todo de madeira, com uns cobertores jogados por cima dos sofás. Bem legal, mas se for à noite, tem que chegar cedo porque fica lotado, aliás, como qualquer restaurante na cidade. Também fomos no Morandi, indicação da amiga Joyce Pascowitch, super certeira. Comida saborosa e preço bom. Uma roubada é o Spotted Pig. O lugar é bem legal, super fofo, e a ideia é meio um gastropub, mas o serviço é péssimo e a comida nem é tão boa. E tem o Pitti, que fui com o Nicola. É simples, com mesas na calçada e só trabalha italiano. Agora, a comida é muito boa, as massas feitas lá, na hora, bem fresco, delicioso. E algumas mesas para lá, estava a artista e performer Marina Abramovic. E com os Hilton Brothers eu tive uma experiência gastronômica totalmente americana. Eles me levaram em um lugar chamado Hill Country Chicken, tipo um fast food que só tem um prato, que é um frango meio à milanesa com molho barbecue e trilha country ao fundo. Seria trash se não fosse tão bem feito e… yammy! E ao final, a gente se rendeu para a lama total terminando nosso almoço com uma torta de banana e creme.

Entrada do charmoso Freemans

Paul Solberg, do Hilton Brothers, no Hill Country Chiken

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LIVRARIAS: fui conhecer a Dashwood Books, a 2011/10/6522_livraria que o Francisco Costa me disse que costuma frequentar. Pequenina, silenciosa e focada em fotografia, fica na Bond Street e merece uma visita. Mas a mais legal é uma no Brooklyn, em Williamsburg, a Spoonbill & Sugartown. Livros e revistas sobre moda, fotografia, design e uma parte linda para publicações infantis. É bem cool, meio antiga, dentro de uma galeria que tem outras várias lojinhas legais. Tem também uma outra no Soho, que não me lembro o nome, perto da Spring com Lafaeytte, onde meu marido me deu um livro de fotos da Patti Smith, já que estava louca com o livro dela “Só Garotos” (se passa em NY e conta a história dela com o fotógrafo Robert Mapplethorpe e fala muito das ruas por onde a gente anda sempre, como Bowery e Bond). Tem também a 2011/10/6522_livraria do Marc Jacobs, a BookMarc, super fofa, na Bleecker. Mas, vcs podem imaginar, está sempre lotada.

A 2011/10/6522_livraria Spoonbill & Sugartown, no Brooklyn

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Loja do Alexander Wang, na Grand Street ©Reprodução

MODA: Fui na loja do Alexander Wang, bem bonita e grande. O Nicola me disse que as pessoas ainda estavam aceitando a loja do Wang, porque lá costumava ser uma loja do Yamamoto maravilhosa, que teve que ser destruída para abrigar o espaço do AW. Em Nova York, com a chegada do sol e da primavera, as meninas estão usando shortinhos micro, de todas as cores. Mas tipo micro mesmo. As pernas estão à mostra total, mesmo durante a noite, quando a temperatura fica mais geladinha. Daí elas colocam microvestidos ou microssaias e saltos nas alturas! Outra coisa que está fazendo sucesso são os sapatos com salto grosso de madeira. Da H&M à loja vanguarda APC, todas fazem.

Sandálias de madeira da APC: hype nas ruas de NY ©Reprodução

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O NÃO-PROGRAMA: não fui ao Standard. O hotel 5 estrelas que todo mundo fala e é o local preferido para as festas mais badaladas (after-party da expo do McQueen, desfile da CK, etc), parece uma chatice. O hotel, projetado pelo Polshek Partners, é lindo, especialmente à noite. Como disse o motorista de taxi, “é aquele hotel que parece que você consegue entrar pelas paredes de vidro”. A arquitetura é maravilhosa, mas o hotel representa a porção pretenciosa da cidade. Tudo muito cheio, tudo muito cool, tudo muito vip, tudo muito lotado, tudo muito muito. Resolvi pular.

O hotel Standard, no Meat Packing