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    Made in… Nápoles
    Made in… Nápoles
    POR Camila Yahn

    Rede de frente para o Coliseu: Jep Gambardella, o rei da noite de Roma no filme “A Grande Beleza” ©Reprodução

    Comecinho de ano, de volta a São Paulo, aquele calor insuportável, o que fazer? Ir ao cinema parecia a pedida certa. As grandes filas e salas lotadas foram logo esquecidas assim que começou o filme “A Grande Beleza”, de Paolo Sorrentino (que também dirigiu “This Must Be the Place”, com Sean Penn).

    O filme te transporta de momentos mágicos e fantásticos para questionamentos existenciais: a vida, o vazio da vida e como nosso tempo é desperdiçado com vaidades e futilidades.

    Como um aviso de que os desejos mais mundanos podem te desviar do que realmente importa, o filme mostra vidas distorcidas por um desejo de sucesso social. E quem nos guia por essa viagem entre sagrado e profano é o sessentão estiloso Jep Gambardella, escritor de um livro só que busca uma saída para o tédio e a solidão que sente após acordar de suas baladas homéricas em sua cobertura de frente para o Coliseu.

    As festas de Jep estão entre os melhores momentos, com situações surreais, personagens improváveis, músicas descartáveis (“We No Speak Americano”) e uma diversão que, na nossa cabeça pequena, não combina com uma turma prestes a completar 70 anos. Livres como se não houvesse o amanhã.

    O filme olha com carinho para Roma, luminosa e esplendorosa e, através do nosso anfitrião, visitamos os tesouros escondidos dos palazzos particulares, conhecemos uma criança que pinta grandes obras movidas por sua raiva, nos surpreendemos com uma girafa que aparece e desaparece em meio a uma ruína romana, frequentamos festas mucho locas e damos risada de um aplicador de botox estrela, que é saudado como um ídolo pop por suas clientes. Acontece que, mesmo em meio a muita beleza e privilégios, Jep e sua turma não conseguem mais se contentar com o que antes lhes deu tanto prazer. É um retrato de como vivemos hoje, uma ponte entre futuro e passado e um intercâmbio de valores. Como disse o jornalista Cassio Starling Carlos, da Folha, “o filme retrata esse vazio cheio demais”.

    Três momentos: o estilo tipicamente italiano de Jep Gambardella, criado por uma tradicional casa de Nápoles ©Reprodução

    E não posso deixar de mencionar o figurino de Jep Gambardella, que traduz perfeitamente o personagem bon vivant e rei da noite que ele um dia foi: ternos bem cortados, porém leves e coloridos, carregando na elegância tradicional, com sapatos de primeira, lenço no bolso do paletó e chapéu Panamá, mas com um toque despojado, como se fosse sempre verão.

    A figurinista Daniela Ciancio (que trabalhou com Sorrentino no filme “Il Divo”) incumbiu a marca Cesare Attolini, tradicional casa de alfaiataria de Nápoles, para cuidar das roupas de Jep. Um terno da Cesare, fundada na década de 1930, vai de US$ 6 mil a US$ 50 mil. Com outros elegantes do cinema em sua lista de clientes (Al Pacino e Sean Connery), a grife é considerada uma das melhores do mundo na manufatura de ternos, além de ter o crédito como fundadora do que é conhecido como “estilo napolitano”, aquele que é imperfeitamente perfeito. Desconstruído e leve, mas impecavelmente cortado.

    Muito comparado aos filmes de Fellini, “A Grande Beleza” é brilhante, com momentos engraçados, emocionantes e ácidos, uma crítica à superficialidade; encanto e desencanto.

    Cenas como a da girafa parecem um aviso para a gente abrir os olhos e perceber os pequenos milagres do dia-a-dia. E certamente esse filme foi um deles no meu sábado de calor.

    Seu surrealismo, sua fotografia entorpecente e seus momentos “dreamy” compõem uma estética que é o anticool do que estamos acostumados. E isso o torna ainda mais cool do que o cool. Capiche?

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