Raf Simons apresentou na manhã desta quarta, 24.03 em um único desfile digital as coleções masculina e feminina do inverno 21 de sua marca homônima. Esta é a segunda vez que o designer belga apresenta uma coleção feminina. A primeira aconteceu no final do ano passado, logo após sua estreia na co-criação da Prada. Não que isso signifique para Raf duas propostas completamente diferentes para homens e mulheres. Ele, que sempre apostou em propostas onde o gênero nem sempre importava. Entítulada Ataraxia, a coleção reúne todas as paixões de Raf fragmentadas, recombinadas de uma nova maneira. Estão lá as referências ao seu próprio trabalho, à cultura jovem, aos filmes de terror e à música.
Equanimidade (um estado de estabilidade psicológica e compostura que não é perturbado pela experiência ou exposição a emoções, dor ou outros fenômenos que podem fazer com que outras pessoas percam o equilíbrio de sua mente), dicotomia ( oposição entre duas coisas, geralmente entre dois conceitos cujo caráter pode ser contrário ou integrante), sincronicidade (termo cunhado por Carl Gustav Jung para explicar as coincidências da vida que, na verdade, são resultado de uma conexão mental bem mais ampla) e ataraxia (tranquilidade, apatia, serenidade) pontuam o o vídeo e aparecem aqui e ali em bordados, como ideias de estado de espírito tranquilo, como o caminhar dos modelo.
A coleção propõe um guarda-roupa híbrido que combina sofisticação da alfaiataria, conforto ao utilitarismo e suas paixões por juventude e subculturas, como as referências ao punk nos tricôs puídos e na beleza. Raf junta universos aparentemente muito distantes com uma habilidade singular. Acessórios e jóias em formato de coração ou esqueletos são combinados com formas volumosas que lembram algumas construções arquitetônicas da Alta Costura. Tanto faz se os modelos são vestidos por homens ou mulheres aqui. As silhuetas largas e longas já fazem parte do vocabulário de Raf há tempos, antes mesmo do agênero ser trendy e aqui nesta coleção não foi diferente. As músicas da banda alemã Kraftwerk, precursora da música eletrônica, que já foi tema de sua coleção de inverno 98, aqui serve de trilha sonora para a marcha dos modelos embalados pelos synths e vocais robóticos das faixas Radioactivity, Antenne e Metropolis. O desfile digital, sem público foi filmado no Barenzaal, uma antiga usina de energia convertida em um espaço de arte e exposições na área da Mina C em Genk, na Bélgica. O local ainda mantém praticamente intactos algumas instalações que ajudam a dar o clima cibernético ao desfile.