Há estranhas formas de amar e João Pimenta tem uma das mais particulares. Ao comemorar duas décadas, o estilista-figurinista-alfaiate celebra suas intersecções da forma mais apoteótica possível: com um desfile-espetáculo em pleno Theatro Municipal de São Paulo. A escolha cai como uma luva e ilumina seu lado mais dramático.
Para ser sensível é necessário ser forte, então a austeridade marca presença, mas é descaracterizada, delicada, sedutora. Entre os explícitos elementos country e seus já conhecidos motivos vitorianos, descobrimos uma faceta mais elaborada, texturizada, queer…
Parece algo sintonizado com o agora, mas são referências que visitam o imaginário e trabalho de João há anos. Não há dicotomias, limitações entre ele e ela. É sobre desejo, vontade, segredos e vivenciar. Para isso, os mais lindos bordados, jacquards encorpados, ilhoses, silhuetas que não se prendem ao espaço-tempo.
Chamar roupa de figurino já foi sinônimo de algo pejorativo, mas aqui vemos que é justamente o contrário: que sorte desse figurino ter roupas tão envolventes. Mais do que propor novas formas de vestir, João propõe novas formas de sentir e ser livre. E isso, isso é para poucos.