O segundo desfile de Alexandre na Casa de Criadores, na Galeria Prestes Maia, centro histórico de São Paulo, aconteceu na manhã desta quarta-feira (24.07) abrindo a programação do evento. Na fila A: nomes da imprensa de diferentes gerações (indo de Gabb à Gloria Kalil) e seus fãs conquistados ao longo da sua carreira.
Quando Carol surgiu na passarela com vestido de lã com seda risca de giz me fez olhar para as notas do desfile que destacava: inverno-primavera, híbrido de estações que faz você olhar para o desfile com outros olhos.
E, apesar da cartela super urbana acinzentada, que justificada o lado invernal, a primavera veio e foi a melhor parte: são lindos os veludos de seda estampados com motivos florais. As texturas foram outro ponto alto do desfile, bem representadas nos cashmeres da expert Marisa Ribeiro, que ganharam efeito destroyed e foram adornados com cristais.
Alexandre tem um passado underground e seguindo o caminho natural da vida foi abandonado a faceta clubber para incorpar o lado corporativo, ao somar o cargo de CEO ao de estilista-criativo. Isso fica nítido nos scarpins repousados nos ombros – que foram possivelmente usados na noite passada – trocados por tênis de corrida – e performance (em parceria com a Olympikus). Outro exemplo: o macacão com argolas que surge sob o casaco com lapelas marcantes. A malha de argolas e entrelaçados com o quê fetichista sobreposta a tricô caretinha. Dicotomias da vida contemporânea, que se contrapõem e se completam, ao mesmo tempo.
Os vestidos com ares imperiais, armados e volumosos em cetim duchese revelam seu lado mais lúdico, o inesperado micro vestido com estampa chinoiserie com fio de ouro foram imagens bem poéticas, transgressoras e clássicas, como Herchcovitch bem domina e provoca. Merece destaque: as aberturas abaixo das nádegas, uma fenda inesperada – trabalho inteligente, único e com um quê de rebeldia que ele não deixa de lado.