“Essa recente obsessão das pessoas pelo quiet luxury me chamou atenção. Para mim, quiet luxury não é sobre um casaco camelo ou um suéter de cashmere, apenas. É sobre celebrar materiais, reduzir até alcançar a essência”, disse Pieter Mulier, minutos após o desfile da Alaïa, que apresentou uma coleção off semana de alta-costura, aproveitando todo o burburinho na cidade. Pieter é um nome referência entre insiders, a fila A só comprovou: Matthieu Blazy, Jonathan Anderson e Raf Simons – de quem foi durante anos braço direito.
“Essa coleção é sobre simplicidade e pureza, sobre menos como mais – sobre intimidade, sobre reduzir ao essencial e procurar a liberdade e a inventividade por trás disso. Não é sobre minimizar, mas sobre expandir as possibilidades. Queria que o meu trabalho na Alaïa fosse mais do que meras roupas, fosse sobre a vida”, disse no comunicado oficial. E como isso se reflete na prática? Cada look sendo feito de um único tecido, em um único fio, para mostrar toda a sua versatilidade e engenhosidade – muitos dos materiais foram desenvolvidos há mais de um ano internamente, como as lãs.
Os primeiros looks confeccionados com fios soltos brincavam com o conceito de peso e leveza, resultando em silhuetas arquitetônicas e sinuosidades. Do designer fundador, Pieter evoca a sensualidade em bodies de manga longa com volumes nas extremidades e mini comprimentos. As fendas e recortes enviesados intimidam. Filetes e mil folhas em movimentos únicos. Tops espirais estruturados que desafiam a gravidade e revelam todo o exercício primoroso de construção e moulage. Perpetuar o legado de um designer tão pessoal como foi Azzedine é uma missão árdua, mas que Pieter desempenha com excelência.