As expectativas eram altas, afinal Marc é um nome fundamental. Cadeiras e mesa em tamanho gigante foram os elementos-cenário do desfile, já entregando um quê de fantasia e lirismo. “Tento me concentrar em temas, objetos ou fontes que possam remontar à minha história pessoal. Quanto mais me aprofundo, mais consigo rastrear algo como sendo significativo para mim de uma forma ou de outra… e me sinto cada vez mais atraído por isso”, disse minutos após a apresentação off calendário oficial.
E tudo, tudo remetia à boneca: paper dolls, Blythe (lembra delas? Aquelas com olhos gigantes), bonecas de pano, outras de porcelana. O cabelo de algodão doce com quê sixties (sua década preferida), a maquiagem embonecada, a modelagem que deixavam os braços frente ao corpo repousados, as meias encorpadas que tiravam a textura natural da pele.
Notei ali durante a transmissão que muitos ousaram dizer que se tratava de um mix de “Prada, Comme des Garçons e Margiela” como um insulto, mas certeza que o Marc acharia isso um tremendo elogio. Ele ama moda e tem, inclusive, uma enorme admiração pelas duas primeiras marcas. Mas não se enganem, nada ali é algo estrangeiro em seu universo.
O apreço pelo vintage, os volumes inesperados, o super girlie, o romantismo na alfaiataria… é tudo bem Marc, que volta e meia homenageia sua avó Helen, quem o criou, e olha também para a sua infância. Impossível não destacar o efeito trompe l’oeil e as roupas e acessórios com quê cartoon (infladas e ampliadas) que redesenhavam a silhueta.
“Meu amor pelo lugar-comum é um caso constante e fundamental para toda a vida. Através das lentes ilimitadas do tempo, meu copo permanece cheio de admiração e reflexão”, revelou a outro jornalista. A sequência final com vestidos repletos de brilhos e pedrarias meio The Supremes é bem encantadora, roupas para celebrar mesmo que seja dançando sozinha no quarto em frente ao espelho. Prazeres particulares.