Como o Tiktok vem influenciado o comportamento de pré-adolescentes?
Rituais com até 10 passos de skincare e coleções de perfume se tornam obsessão entre crianças e pré-adolescentes
Como o Tiktok vem influenciado o comportamento de pré-adolescentes?
Rituais com até 10 passos de skincare e coleções de perfume se tornam obsessão entre crianças e pré-adolescentes
Num passado não muito distante presentear com computador ou celular era algo que só acontecia com uma idade mínima e uso sob supervisão – tenho 34 anos e ganhei meu primeiro computador com 12 anos e celular com 15, ambos usados sob os olhares da minha mãe e em horários e tempos determinados, quem sabe o que foi internet discada, vai entender. Nos últimos anos, como sabemos, tablets e celulares foram normalizados e inseridos em idades cada vez mais menores.
Corta para 2023, no final do ano passado o presente de natal mais cobiçado entre meninas de 10 e 13 anos nos EUA foi um kit de skincare da Drunk Elephant, marca texana fundada em 2018 e que se tornou um case de sucesso com seus produtos virais e livres de componentes suspeitos em suas fórmulas. Suas embalagens em tons vibrantes e que parecem brinquedos logo causaram fascínio entre pré-adolescentes – acostumadas a assistir por horas a fio conteúdos de GRWM e “maquia e fala” na rede vizinha.
Em dezembro passado milhões de vídeos inundaram a rede vizinha com garotas que transformaram as lojas da Sephora em um verdadeiro playground esgotando inúmeros produtos. Logo, dermatologistas e especialistas se pronunciaram que não havia necessidade de uma garota de 12 anos ter um skincare com 10 etapas – além de alertarem sobre malefícios de produtos rejuvenescedores para pessoas em formação.
Passado o surto com a marca, o número de pré-adolescentes que revelam sua “rotina de beleza” para ir à escola até aumentou. Foi então que em janeiro deste ano, uma outra trend ganhou força: garotos com faixas etárias parecidas (entre 12 e 15 anos) colecionando perfumes de 300 a 500 dólares, quase em uma competição com seus amigos de quem possuía coleções maiores ou edições especiais.
Em maio, o The New York Times revelou o crescimento do “smell maxxing”, expressão criada para se referir a garotos que trocavam dicas de perfumes – e como alcançar o efeito máximo de cada um deles. Para se ter uma noção, a hashtag #smelmaxing na rede vizinha já reúne quase 36 milhões de conteúdos.
Ambos são reflexo de como a postagem indiscriminada de conteúdos tidos como rotineiros nas redes sociais influenciam comportamentos na vida, especialmente daqueles que ainda estão se formando – crianças e pré-adolescentes. Se em adultos o impacto e a influência são comprovados, em menores de idade isso fica ainda mais explícito. Reflexo dos nossos tempos?